O Jogo

“Corro mais do que na Premier”

Opção pelo Al Hilal não foi “para passar férias”, vinca o médio, impression­ado com o técnico Jorge Jesus

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●●● O que levou o Rúben a optar pelo Al Hilal?

—Um conjunto grande de fatores. As pessoas veem as notícias, mas não sabem o que está por trás delas. Eu estava muito feliz no Wolverhamp­ton, mas já tinha tido alguns percalços em termos de transferên­cias em anos anteriores. Transferên­cias dadas como certas e que acabaram por não acontecer. Isso influencio­u-me e à minha família também. Houve dois anos em que até chegámos a tirar algumas coisas de casa, só para voltarmos a trazê-las. São oportunida­des que aparecem e não podemos olhar para trás. No final da última época tive conversas com outros clubes, cheguei até a estar bastante adiantado com um clube grande, mas, infelizmen­te – ou felizmente –, as coisas não acontecera­m e apareceu o Al Hilal. Um projeto diferente, novo, no qual só tinha a ganhar. Não quis arriscar esperar novamente por certos clubes. Olhei para a minha carreira, para a minha família, falei com várias pessoas e foi fácil decidir. Apareceu no momento certo e sabia que não influencia­ria as minhas idas à Seleção. Estou a jogar no maior clube da Ásia, as coisas têm corrido extremamen­te bem. Estou muito feliz, a minha família também e foi a melhor decisão que podia ter tomado.

Aconselhou-se com Cristiano Ronaldo?

—Quando assinei estava na Seleção, então ele foi das primeiras pessoas a falar comigo. Viu as notícias que começaram a sair e veio logo ter comigo a falar da Arábia. Mostrou-me um pouco como seria a minha vinda para aqui. Não ficou chateado por eu ter vindo para o Al Hilal. Sabe que o campeonato tem evoluído imenso e que todas as equipas estão a tentar construir plantéis de grande qualidade. O Al Hilal chegou-se à frente e estou muito feliz cá, o Cristiano está muito feliz no Al Nassre estamos a lutar por todos os títulos. Tem sido uma competitiv­idade muito boa.

Como tem sido trabalhar com Jorge Jesus? Já se conheciam de outras paragens, mas nunca tinham trabalhado juntos... —Muito bom. Em termos tá ticos, éo melhor treinador que apanhei. A equipa está bem preparada para todos os jogo se a exigência dele está sempre no limite. Muitas pessoas pensam que os jogadores vêm para cá passar férias, ma sé o contrário. Se formos ver os meus dados físicos, tenho feito mais quilómetro­s do que fazia em Inglaterra. Por aí já se vê a exigência que implica trabalhar com Jorge Jesus. Para mim, é uma vantagem enorme, porque sei que estarei sempre preparado para ir àS eleção, por exemplo. Eé uma pessoa fantástica, que fala muito com os jogadores fora do campo. Estou muito feliz por poder trabalhar com o míster.

Também se fala muito de Neymar, mas as coisas não lhe têm saído bem.

—As pesso as baseiam-semuito nas notícias que saem cá para fora. Algumas são verdadeira­s, outras não, mas é normal que acreditem, ainda mais com as redes sociais. É muito fácil ler uma frase e acreditar, sem questionar ou perceber o fundamento. Já tive a oportunida­de de treinar com o Neymar e a qualidade dele é fora do comum. Tecnicamen­te, não se vê igual em mais lado nenhum. Esperamos pelo regresso dele, que ainda vai demorar algum tempo. Queremos que volte, porque é um jogador totalmente diferente daquilo a que estamos habituados.

Vão em 24 vitórias seguidas e o título parece ser apenas uma formalidad­e. Que segredos há por trás deste rendimento?

—Ainda falta praticamen­te uma volta e não queremos dar nada por garantido até termos o troféu nas mãos. Mas o segredo é o trabalho que fazemos durante a semana, a exigência que nos é transmitid­a em todos os treinos. Isso tem levado a que atinjamos patamares muito altos. Sentimos que, nos últimos 15 minutos, quando os adversário­s já estão a quebrar, ainda temos muito para dar. E depois há o tal trabalho tático, que é exímio.

O Otávio contou numa entrevista recente a O JOGO que houve “discussão” após o jogo entre o Al Hilal e o Al Nassr...

—Cada um defende o seu clube, o jogo acaba e voltamos a ser amigos. Falamos tranquilam­ente. Dentro de campo, é normal que a coisa ferva, somos os maiores rivais. Já acontecia isso em Inglaterra, quando jogava com alguns colegas meus e em Portugal também. Nada de novo. Cada um dá o máximo pelo clube que representa e depois do jogo voltamos a falar, até de episódios que acontecem dentro de campo. Com a máxima naturalida­de, claro.

A nível familiar, como correu a adaptação?

—Foi super fácil. Não conhecíamo­s a Arábia Saudita, só tínhamos o ‘feedback’ de algumas pessoas, como o Cristiano, que já cá estava, mas surpreende­u-nos imenso. É um país muito diferente daquilo que muitas pessoas imaginam. Quando assinei, os meus familiares ficaram preocupado­s, mas é totalmente o oposto. Estamos muito bem, muito felizes e com o máximo de segurança possível. Temos tudo. Riade é uma cidade muito desenvolvi­da, nota-se diferença de semana para semana, também por causa do Mundial que vão organizar[ em 2034] e da Expo ’2030. As condições escolares dos meus filhos são espeta cu lares, eles estão felizes. Vivemos num condomínio fechado, onde só vivem pessoas estrangeir­as, em que os miúdos criam ligações com outras famílias e passam muito tempo fora de casa, o que até nem é normal na Europa. Os miúdos chegam da escola e vão para os parques do condomínio. É uma qualidade de vida muito boa, que nos deixa descansado­s. Tudo tem corrido pelo melhor.

“Ronaldo e Otávio? Dentro de campo, é normal que a coisa ferva, somos os maiores rivais. Mas depois do jogo voltamos a falar com naturalida­de”

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