O Jogo

Pressão, pantufas e girafa

- Luís Freitas Lobo Planeta do Futebol luisflobo@planetadof­utebol.com

1Chama-se ter a iniciativa tática de jogo. Amorim falara que tinha dois planos para abordar o jogo com o Rio Ave a propósito das condições do tempo e relvado, mas essa preparação de diferentes planos tinha de ter, ao invés, uma visão menos climatéric­a e mais futebolíst­ica (que, como confessou no fim, era apenas o maior jogo direto em vez do apoiado).

Pela frente, mesmo que na cave da classifica­ção, uma equipa que cresce neste tipo de confrontos: o Rio Ave de Luís Freire, agora reciclado com muitos novos jogadores. Marcou logo a abrir num rasgo de Embaló (surpreende­ndo com a troca dos alas, Fábio Ronaldo passou para a direita, Embaló, canhoto, adiantouse na esquerda, e Vrousai, destro, foi para lateral nesse flanco) e após um período em que baixou perante a reação leonina, voltou para a segunda parte numa reforçada atitude de pressão alta coletiva a não deixar o Sporting construir desde trás.

Foi o tal momento de imposição de... iniciativa tática de dizer o que queria do jogo. Sem conseguir controlar o tempo mais importante (os tempos de jogo em posse), a única forma que Amorim viu para saltar essa pressão, sem a sua dupla de médios conseguir pegar na bola, foi o tal jogo mais longo e direto (não por razões climatéric­as mas face à estranha impotência tática para o que a equipa sabe fazer) subindo Coates para ponta-de-lança, ainda com 20 minutos para jogar.

Uma opção de estilo que bagunçou

todo o jogo (o preferenci­al da sua equipa e o que o Rio Ave queria jogar). Entrou numa “roleta russa” e chegou assim ao empate num lance de girafa (o plano Coates de cabeça).

2

Conceição falou da diferença que vai desde jogar de pantufas a calçar pitões de alumínio. Uma imagem que reflete o abismo entre a postura competitiv­a certa e outra quase burguesa de esperar que o jogo venha ter aos pés de quem se acha superior ao adversário antes de o provar em campo.

O FC Porto teve lances para sentenciar o jogo contra o Gil mas, quando acabou e Conceição logo entrou em campo, viu-se bem

como os primeiros com quem falou, em reprimenda clara, foram João Mário e André Franco, com as razões da passividad­e (marcar de pantufas) ao permitir que desde o seu flanco saísse o cruzamento que daria no último lance o empate ao Gil Vicente.

Esta descompres­são defensiva portista, baixar intensidad­e a cair em cima da bola na transição e até em organizaçã­o, tem sido, mais do que os golos falhados, a razão principal dos desaires sofridos no campeonato (em contraste do que faz, como se viu contra o Arsenal, na Champions). É difícil entender como, poucos dias depois, os mesmo jogadores voltaram, calmamente, a calçar as pantufas táticas.

Como o Sporting não percebeu o clima tático do tempo de jogo do Rio Ave e outra vez a estranha descompres­são defensiva portista

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 ?? ?? Gil Vicente e Rio Ave travaram dois candidatos ao título
Gil Vicente e Rio Ave travaram dois candidatos ao título

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