Pressão, pantufas e girafa
1Chama-se ter a iniciativa tática de jogo. Amorim falara que tinha dois planos para abordar o jogo com o Rio Ave a propósito das condições do tempo e relvado, mas essa preparação de diferentes planos tinha de ter, ao invés, uma visão menos climatérica e mais futebolística (que, como confessou no fim, era apenas o maior jogo direto em vez do apoiado).
Pela frente, mesmo que na cave da classificação, uma equipa que cresce neste tipo de confrontos: o Rio Ave de Luís Freire, agora reciclado com muitos novos jogadores. Marcou logo a abrir num rasgo de Embaló (surpreendendo com a troca dos alas, Fábio Ronaldo passou para a direita, Embaló, canhoto, adiantouse na esquerda, e Vrousai, destro, foi para lateral nesse flanco) e após um período em que baixou perante a reação leonina, voltou para a segunda parte numa reforçada atitude de pressão alta coletiva a não deixar o Sporting construir desde trás.
Foi o tal momento de imposição de... iniciativa tática de dizer o que queria do jogo. Sem conseguir controlar o tempo mais importante (os tempos de jogo em posse), a única forma que Amorim viu para saltar essa pressão, sem a sua dupla de médios conseguir pegar na bola, foi o tal jogo mais longo e direto (não por razões climatéricas mas face à estranha impotência tática para o que a equipa sabe fazer) subindo Coates para ponta-de-lança, ainda com 20 minutos para jogar.
Uma opção de estilo que bagunçou
todo o jogo (o preferencial da sua equipa e o que o Rio Ave queria jogar). Entrou numa “roleta russa” e chegou assim ao empate num lance de girafa (o plano Coates de cabeça).
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Conceição falou da diferença que vai desde jogar de pantufas a calçar pitões de alumínio. Uma imagem que reflete o abismo entre a postura competitiva certa e outra quase burguesa de esperar que o jogo venha ter aos pés de quem se acha superior ao adversário antes de o provar em campo.
O FC Porto teve lances para sentenciar o jogo contra o Gil mas, quando acabou e Conceição logo entrou em campo, viu-se bem
como os primeiros com quem falou, em reprimenda clara, foram João Mário e André Franco, com as razões da passividade (marcar de pantufas) ao permitir que desde o seu flanco saísse o cruzamento que daria no último lance o empate ao Gil Vicente.
Esta descompressão defensiva portista, baixar intensidade a cair em cima da bola na transição e até em organização, tem sido, mais do que os golos falhados, a razão principal dos desaires sofridos no campeonato (em contraste do que faz, como se viu contra o Arsenal, na Champions). É difícil entender como, poucos dias depois, os mesmo jogadores voltaram, calmamente, a calçar as pantufas táticas.
Como o Sporting não percebeu o clima tático do tempo de jogo do Rio Ave e outra vez a estranha descompressão defensiva portista