O Senhor Futebol
Muitas linhas foram escritas sobre Artur Jorge, sobre o Jogador, o Treinador, o Homem, mas nunca será demais referir o exemplo de quem foi uma referência.
No campo, como jogador ou como treinador, foi sempre rigoroso e disciplinado, mas sem deixar de ser criativo. A um futebol técnico, estudado e planeado, soube sempre acrescentar a dose certa de improviso, o condimento sem o qual o futebol se vulgariza, perde a magia e a identidade.
Como treinador, antecipou-se ao tempo; discípulo de Pedroto, adquiriu o saber do grande mestre, mas não ficou por aí, foi sempre acrescentando inovação à tradição, seja na estratégia de jogo, na preparação dos jogadores ou nos métodos de treino. Foi no saber conciliar o saber acumulado com a ousadia de inovar que encontrou a fórmula que proporcionou ao FCP a Taça dos Campeões Europeus.
Na memória coletiva, Artur Jorge surge como treinador, como jogador ou como selecionador nacional, mas também há a dimensão de
Homem da cultura, da sensibilidade e do gosto pelo belo.
Sim, o futebol não é só musculo, não é só força, não é só vigor. Também é sensibilidade e, sobretudo, o gosto por fazer bem, o culto da beleza. Como faz falta, nos dias de hoje, esta dimensão, como faz falta perseguir a perfeição, mesmo sabendo que não se alcança. É nesta procura que surge a superação e a superação está para o futebol como o sangue para o nosso corpo, é onde estão os nutrientes que se transformam em energia e a energia que se transforma em vida. Artur Jorge foi colecionador de arte, foi apaixonado pela música e deixou, como memória intemporal, um legado poético. É este todo, composto por todas as dimensões que se concertaram num só homem, que fazem de Artur Jorge mais do que um Homem, fazem de Artur Jorge um Senhor, o Senhor Futebol.