Uma época em duas horas e meia
O FC Porto tem 60 minutos para decidir o futuro na Taça de Portugal, frente ao Santa Clara, e mais 90 no clássico com o Benfica para abrir uma frincha que lhe permita espreitar o acesso à Champions.
Toda a gente sabe que o campeonato e, em particular, a corrida ao título é uma maratona. E não, ninguém ganha maratonas a correr de pantufas. Por outro lado, não há calçado que resista a um maratonista que passa a vida a dar tiros nos próprios pés, que é mais ou menos o que o FC Porto tem feito. Golos sofridos no último suspiro das compensações, oportunidades esbanjadas às mãos-cheias, erros individuais e desconcentrações coletivas explicam – mesmo que muitas vezes pareçam inexplicáveis – que os dragões cheguem ao final de fevereiro com uma boa parte da temporada e dos objetivos internos para decidir em pouco mais duas horas e meia de futebol. Uma frente ao Santa Clara, com quem vai discutir o acesso às meias-finais da Taça de Portugal, o único título interno a que pode, realisticamente, aspirar sem depender de milagres. E mais 90 minutos de clássico, frente ao Benfica, no Dragão, para tentar abrir uma frincha por onde ainda espreitar, se não o título, pelo menos a perspetiva de lutar até ao fim pelo segundo lugar e pelo acesso milionário à Liga dos Campeões. Ora, como dizia o poeta, isto anda tudo ligado. Até por isso, na sequência do empate traumatizante frente ao Gil Vicente, bater o Santa Clara é decisivo, não apenas por significar um passo dado em frente em direção à final da Taça no Jamor, mas também pelo que pode representar animicamente para o vital clássico com o Benfica. Ganhar é sempre o melhor remédio. No caso do FC Porto, é o único. Entretanto, como dirá qualquer bom ortopedista, não dar tiros nos pés é meio caminho andado.