HORTA EXPULSOU OS FANTASMAS
BRAGA Adiou três vezes o jogo 500 como profissional e o regresso perfumou o jogo da equipa. José Pedro, técnico do Setúbal, viu tudo começar...
Perdeu três jogos, incluindo os dois com o Qarabag, vendo a equipa despedir-se de importante frente. Voltou com régua e esquadro no Bessa, contribuindo com um passe de morte na goleada.
PEDRO CADIMA
Fez falta ao Braga, a ausência foi discutida em cada jogo pelo plano de incerteza e entre os custos associados está uma saída da Europa. Ricardo Horta voltou ao onze e fortaleceu os argumentos dos minhotos, que cilindraram no Bessa com dois golos em cada parte, duas rajadas precisas de artilharia tão bem dominada pelo criativo e internacional português, que assistiu Abel Ruiz no 0-2. Efeito Horta ao rubro, contagiante para a equipa e com sabor dominante no campo. No Bessa, marcou a excecional caminhada com o jogo 500 como profissional, 363 deles como arsenalista, só superado por José Maria Azevedo (405) nesta hierarquia dos guerreiros. Goleador destacado do clube, num livro aberto de proezas, o atacante fez valer inspiração no Braga, e também, inicialmente, no V. Setúbal, onde se estreou, em 2012/13. Tinha José Pedro, hojetécnicodossadinos,como parceiro. “Era um jogador com as características atuais, mas menos refinado. Era extremo, 10,ousegundoavançado,muito evoluído tecnicamente, capaz de desequilibrar com assistências e golos”, recorda o antigo médio, feliz pelo retrato duradouro de alto nível na tela da Pedreira. “É o capitão e há que olhar a tudo o que conquistou, mais os 500 jogos.
Além de ser internacional por Portugal. Tem-nos presenteado com um grande futebol, uma carreira a pulso. Sou um privilegiado por ter visto este menino, ambicioso, começar a trilhar o seu rumo”, gaba José Pedro.
A aventura em Braga, onde escreve atualmente a oitava época, desvenda-se como o capítulomaisexcitante,plenode sucesso e identificação com os adeptos, coroando-se vencedor de duas Taças da Liga e uma Taça de Portugal. Já sem o irmão André Horta por perto, cúmplice de muitas partidas desta saga avassaladora , Ricardo tem ajudado a firmar o nome do Braga além fronteiras. A transferência falhada para o Benfica reforçou-lhe o estatuto de bandeira do clube, até porque outros têm sido negociadosporSalvador,masnão aquele que exalta maior brilhantismo na frente.
Depois de Abel, Rúben Amorim e Carvalhal, é Artur Jorge que tem atestado a inspiração oferecida por Horta, um farol de lucidez e precisão para a equipa, capaz não só de ferir nos seus remates e passes, como também de animar o moral da equipa, quando esta mais anda aflita e órfã de confiança, como provou no Bessa, conferindo-lhe uma certa geometria ofensiva, com régua e esquadro para superar os exames com distinção e afastar problemas do caminho.
“Tem-nos presenteado com um grande futebol, uma carreira a pulso”
José Pedro Treinador do V. Setúbal