MEXER O CORPO É VIVER INTEGRADO
O JOGO assinalou o 39.º aniversário com uma reflexão sobre o desporto sénior e o seu potencial nas vertentes física e mental
O envolvimento numa atividade física, sem a dimensão competitiva, supera qualquer efeito farmacológico e proporciona uma experiência integrativa que afasta o risco de solidão.
O desporto para seniores é uma temática em constante reflexão, sobretudo numa sociedade envelhecida. Consciente desta questão, O JOGO assinalou o 39.º aniversário com uma Conferência versada nessa temática: “Importância do desporto sénior: competição e manutenção.”
O Salão Nobre Dom Manuel I, nos Paços do Concelho da Maia, juntou, ontem, um naipe de conhecimentos e vivências diversas, mas com a tónica no exercício físico como fator fundamental no processo natural de envelhecimento com qualidade. Manter o corpo ativo supera qualquer efeito farmacológico,comofrisouAndré Seabra, durante a intervenção no primeiro painel, subordinado ao tema “O desporto como fonte de bem-estar e longevidade.” Diretor da Portugal Football School da FPF, Seabra apresentou os “medicamentos” que atraíram a atenção da Organização Mundial da Saúde, em concreto o projeto “Walking Football”, destinados a pessoas com mais de 50 anos. Esta proposta não visa incutirespíritocompetitivo,mas fomentar o contacto interpessoal,deformaaqueospraticantes sintam “prazer pelo desporto e por estarem em grupo”, frisou ainda Seabra, potenciando os benefícios das relações.
Aliás, o ponto-chave do programa Clube Maia Sénior, tão caro a Mafalda Roriz, diretora do Departamento de Desenvolvimento Social, Desporto e juventude da autarquia maiata. “É importante que as pessoas sintam que pertencem a um grupo e fazem parte da sociedade”, sublinha, orgulhosa pelo cuidado do município em criar um conceito abrangente, demonstrando interesse em proporcionarbem-estaratodas as faixas etárias da população. A atividade física é mais do que fazer mexer o corpo, cumprindo, de resto, um dos ditames do percurso evolutivo, é também “melhorar o funcionamento cognitivo e a saúde mental”, como destacou Jorge Silvério, psicólogo de desporto, que corrobora os contributos dos restantes palestrantes sobre os efeitos negativos da solidão, uma verdadeira praga que afeta a maioria da população sénior. Para Mafalda Roriz, a perceção dessa população terá de contemplar a capacidade de se sentirem “mais úteis à sociedade”, o que lhes permitirá “envelhecer com qualidade”.