O Jogo

UNS MADRUGAM OUTROS ACORDAM MUITO TARDE

Leão encheu o campo e poderia ter saído para o intervalo com uma vantagem mais confortáve­l do que o 1-0. Águia só reagiu com a entrada de um ponta-de-lança

- Textos SÉRGIO ANDRÉ

Pote picou o ponto cedo, quando os encarnados ainda estavam a dormir. Gyokeres marcou numa das tradiciona­is arrancadas e Schmidt despertou, aos 61’, entrando na discussão da eliminatór­ia.

Uns gostam de antecipar cenários, estudar a lição com antecedênc­ia e entrar com a matéria na ponta da língua. Outros preferem ver o que dá o jogo e investir depois do prejuízo. Estamos, claro, a falar de Sporting e Benfica. Por esta ordem. A primeira referência vai para os leões, que foram competente­s, muito competente­s até, durante a primeira parte e poderiam, durante esse período, ter assumido um maior conforto no resultado. Não é novidade que este Sporting é um Sporting de autor, a equipa sabe perfeitame­nte o que fazer em campo, conhece o adversário ao detalhe, os movimentos estão rotinados, as bolas paradas defensivas e ofensivas são tratadas no laboratóri­o. Todas estas caracterís­ticas “impingidas” - do género “gostem ou não têm de levar com isto” por Rúben Amorim estiveram presentes no dérbi e justificar­am a vantagem obtida num dos primeiros lances do desafio, depois de uma combinação entre Hjulmand e Catamo. O médio dinamarquê­s cruzou largo e Pedro Gonçalves escondeu-se nas costas de Bah, atirando de cabeça, tranquilam­ente, para o fundo das malhas de Trubin. O mais curioso é que se não fosse o médio de ataque, seria Matheus Reis a desviar para a baliza, pois estavam os dois sem marcação ao segundo poste.

O Sporting esteve confortáve­l no jogo, explorou a ausência de estratégia do Benfica, que resultou na segunda parte contra o Portimonen­se, na última jornada da liga, mas que ontem, durante toda a primeira parte, se revelou completame­nte inofensiva. A inexistênc­ia de uma referência no ataque (Schmidt não desarma), a falta de rotinas e a ausência de velocidade na saída para o ataque, deixaram os leões muito à vontade. Hjulmand e Morita não deram espaço no miolo, onde apenas João Mário conseguiu discutir o jogo, mesmo debaixo de um coro de assobios sempre que tocava na bola. Cresceu claramente o médio das águias.

Os leões conseguira­m sair em ataque organizado, sobretudo quando ultrapassa­vam a primeira linha (tentativa) de pressão das águias, e também em transições. Poderiam ter chegado noutras ocasiões ao golo se tivessem definido melhor.

O Sporting queria jogar; o Benfica estava mais preocupado em não deixar jogar do que em verdadeira­mente atacar. Os encarnados não chegaram à baliza de Franco Israel, não remataram.

Schmidt tentou mudar a cara da equipa, ainda que com alguns receios - ao intervalo tirou Bah e e fez regressar Morato à esquerda, desviando o melhor lateral da equipa, Aursnes, para a direita. O Sporting acabou por chegara o segundo golo no tradiciona­l arranque de Gyokeres. Projetou-se imediatame­nte o pior cenário para as águias, deixar ali eliminatór­ia nas mãos do rival. No entanto, o técnico alemão ainda foi a tempo de entrar nas “meias”, com a chamada de Tengstedt. Os encarnados passaram a ter uma referência no ataque, conseguira­m esticar ojogo,DiMaría surgiu com mais espaço na esquerda e pôs em sentido a defesa adversária, que começou a ceder. Num dos já tradiciona­is cruzamento­s com o pé esquerdo, o internacio­nal argentino colocou a bola numa zona difícil para os defesas eAursnes (apanhou o gosto de marcar em Alvalade) reduziu. Tengstedt foi claramente o tónico que a equipa precisava para voltar ao seu jogo. Tornou a equipa mais vertical e eficaz. Angelito agradeceu e a eliminatór­ia está em aberto.

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Di María pede explicaçõe­s ao árbitro pelo golo anulado
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