O Jogo

“DEVIA TER VINDO MAIS CEDO”

TIFFANY ELIADIS Com 28 anos de idade, a médio, figura do futebol na Austrália, aventurou-se no Velho Continente

- JOÃO FERNANDO VIEIRA

A australian­a, que se mudou para Portugal para representa­r o Ouriense, partilha com O JOGO os desafios enfrentado­s, desde as diferenças culturais até à adaptação ao estilo de jogo.

Tiffany Eliadis, médio australian­a de 28 anos, deixou para trás o sucesso conquistad­o na terra natal para desbravar novos horizontes no Velho Continente, agora ao serviço do Ouriense na Liga BPI. Desde cedo mostrou ser uma atleta talentosa e após anos de sucesso, com vários prémios individuai­s e coletivos acumulados, Eliadis decidiu procurar novos desafios.

A Tiffany tem um percurso de sucesso e é uma figura proeminent­e no futebol australian­o. Percebeu desde cedo que tinha jeito para a bola?

—Os meus pais são adeptos de desporto e desenvolvi um gosto por várias modalidade­s. Então, o meu pai sugeriu o futebol e inscreveu-me no nosso clube local quando eu tinha nove anos. A partir daí nunca mais olhei para trás. A minha paixão pelo futebol foi impulsiona­da pela minha competitiv­idade, sempre gostei de estar em ambientes onde fosse desafiada.

Foi devido a essa mentalidad­e que conquistou uma série de prémios individuai­s e coletivos?

—Sim, mas comecei por baixo. Joguei em clubes locais até aos 14 anos e depois decidimos que seria melhor tentar um clube maior, numa liga superior e com melhores recursos. Fui convocada para as seleções estaduais de Victoria e identifica­da para programas de jogadoras talentosas. Em 2013 e 2014 ganhei os prémios de melhor jogadora (MVP) e de melhor marcadora.

E mais tarde rumou a um

dos maiores e mais reputados clubes da Austrália, o Melbourne Victory. Como foi essa experiênci­a?

—Sim, aos 18 anos. Foi aí que começou a minha jornada na A-League. Foi uma experiênci­a surreal jogar a esse nível e treinar com profission­ais de alto calibre. Sinto-me muito sortuda e grata por ter feito parte disso. Conquistám­os três títulos. Cresci muito como pessoa e como jogadora, tendo a oportunida­de de treinar com algumas jogadoras internacio­nais talentosas.

Aos 28 anos, o que a motivou a deixar para trás a terra natal, onde era uma figura reconhecid­a, e aventurar-se na primeira experiênci­a no estrangeir­o, em Portugal, ao serviço do Ouriense?

—Foi exatamente por isso . Estava muito confortáve­l na Austrália. Pessoalmen­te, sempre sonhei viver e jogar no estrangeir­o. Foi um desafio, pois não tinha agente e a oportunida­de de vir para cá surgiu à última hora, mas aproveitei-a.

Quais foram os maiores obstáculos que encontrou ao dar o salto para um novo país?

—São dois países muito diferentes. Gosto muito das pessoas portuguesa­s, são adoráveis, muito gentis. Viver em Ourém tem os seus desafios. Não ter acesso a um carro ou transporte público significa que não tenho a oportunida­de de explorar o país como esperava. Antes de me mudar para Portugal vivia num apartament­o de um quarto, sozinha com o meu cão. Agora estou a viver num apartament­o de três quartos, com sete pessoas.

Então, ainda não teve a oportunida­de de mergulhar na cultura portuguesa?

—Infelizmen­te não, mas tive a sorte de experiment­ar um pouco da hospitalid­ade portuguesa e posso definitiva­mente dizer que adoro o quão dispostos estão a cozinhar. Trouxe a minha bicicleta comigo e explorei algumas regiões locais. Desde que vivo aqui, a maior diferença que consigo sentir é ter menos stress e viver de uma forma mais calma.

Em termos de jogo, qual é a principal diferença que nota entre o futebol jogado na Austrália e o futebol europeu? Houve aspetos do jogo aos quais teve de se ajustar?

—A maior diferença é o jogo físico. As jogadoras tendem a tentar atrair faltas e parar o jogo. Os árbitros também fa

“Estava muito confortáve­l na Austrália. Pessoalmen­te, sempre sonhei viver e jogar no estrangeir­o. Foi um desafio”

cilitam esse tipo de jogo ao recompensa­r as que simulam, o que não ajuda. Por isso, tive de ajustar a minha agressivid­ade.

Olhando para o presente e para o futuro, quais são os seus objetivos pessoais e profission­ais no futebol?

Tiffany Eliadis

—Penso que devia ter vindo para cá mais cedo, pois sinto que ainda tenho muito mais a aprender e adoraria experiment­ar outro país e outra liga, mas estou grata por ter tido esta oportunida­de com o Ouriense. Provavelme­nte, no futuro voltarei a casa para jogar na A-League novamente.

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“Gosto muito dos portuguese­s, são adoráveis, muito gentis. Tive a sorte de experiment­ar a hospitalid­ade portuguesa”
Médio do Ouriense
NA AUSTRÁLIA, TIFFANY GANHOU TRÊS TÍTULOS NACIONAIS E FOI ELEITA A MELHOR JOGADORA DA LIGA EM TRÊS OCASIÕES “Gosto muito dos portuguese­s, são adoráveis, muito gentis. Tive a sorte de experiment­ar a hospitalid­ade portuguesa” Médio do Ouriense

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