O Jogo

Volta depressa, Antonio Adán

- Vitor.santos@ojogo.pt

Adán era até ontem pouco consensual no universo leonino, que reclamava a contrataçã­o de um guarda-redes. Pelos piores motivos, de um dia para o outro, passou a desejado.

Opaís estava ainda semicerrad­o pela covid19 e sem motivos para grandes festas, porque ninguém se diverte eternament­e a transforma­r tachos e panelas em instrument­os musicais de concertos de bairro, mas milhões tinham razão para fazer mira às estrelas com garrafas de espumante. No dia 11 de maio de 2021, 19 anos depois, o Sporting sagrava-se campeão nacional, com as concentraç­ões de adeptos proibidas. Como nem à luz do decreto-lei é possível congelar o calor humano do futebol, da festa ao surto foram dez dias e três vivas a Antonio Adán, herói-leão na defesa das redes do campeão nacional. Entre outros, claro.

A primeira época de Adán nesse Sporting acordado por Rúben Amorim fica na história. O espanhol foi decisivo para devolver o título a Alvalade. De então para cá, o índice de aprovação junto da comunidade leonina assemelha-se a um eletrocard­iograma de um coração apaixonado, com os altos e altos e baixos e baixos do amor. Adán lesionou-se ontem. Tem a temporada em risco. Sobram Franco Israel e outros jovens. Oxalá que o maior receio de um profission­al de futebol, a lesão grave, não se confirme. Que os exames esclareçam que o guarda-redes vai mesmo completar os jogos que lhe permitem automatica­mente renovar contrato com o Sporting. Porque ninguém merece. De repente, na ressaca da euforia de uma vitória sobre o rival, há sobressalt­o em Alvalade, porque Adán volta ser importante. Como tantas vezes nos acontece na vida, a privação, neste caso, a ameaça que paira, faz-nos perceber que os mais importante­s podem ser aqueles que consideráv­amos dispensáve­is. Volta depressa, Adán.*

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