Rei morto, Rei posto?
1 Todos os jogos são importantes, mas uns são mais importantes do que outros. E o de ontem era mesmo muito importante. Porque ou ganhávamos e provávamos que os desaires mais recentes eram isso mesmo (simples desaires) ou então aplicávamos mais uma pazada no buraco onde nos tínhamos enfiado. Felizmente, ganhámos a guerra dos centímetros. Marcámos dois golos no limite, sofremos um para lá do limite e ainda vimos uma bola embater em cheio no poste.
Foi pena o jogo ter acabado em sofrimento, porque, contra uma equipa recheada de bons jogadores, mas a atravessar coletivamente um momento muito mau, o Vitória, durante setenta minutos, foi (quase) tudo o que tinha que ser: mandão, eficaz, empenhado, realista e humilde.
O final, ao invés, foi o que não deve ser: descontrolado, precipitado e a sofrer com cada lance. Mas como o jogo era mesmo importante, ficou do lado de cá o que interessa: os três pontos (e o resto é treta).
2 Crónica de uma transferência anunciada. Desde que António Manuel Cardoso explicou publicamente que o Vitória precisava de faturar a sério no mercado de inverno, para se aguentar até ao final da temporada, que se sabia que a saída de Dani não seria filha única.
“Encarar o que falta de temporada só com dois pontas-de-lança é uma temeridade”
A rábula da ida para Itália, se adiou a entrada de dinheiro fresco nos nossos cofres, teve o inesperado mérito de nos dar mais um mês do melhor André 23/24. Bem bom, dirão os otimistas. Resta quase meia temporada sem ele, dirão os outros. Independentemente da avaliação sobre quem ficou, já aqui escrevi que encarar o que falta de temporada só com dois pontasde-lança é uma temeridade. Ficamos demasiado expostos a lesões e castigos. Em cima disso, ficou ainda a desconfiança acerca dos avançados que por cá permaneceram. Ontem, essa desconfiança começou a ser demolida com a ajuda do primeiro golo de Nélson Oliveira. O futuro dirá se vamos sentir saudades de André Silva ou se será apenas o Rei morto que antecedeu o Rei posto.
3 Esta semana o melhor tenista português de todos os tempos anunciou que vai pendurar a raquete. Foram anos de grandes alegrias em que João Sousa fez o que nunca antes em Portugal tinha sido feito. Ao meu conterrâneo e vitoriano deixo aqui o meu muito obrigado. És um de nós e és o nosso orgulho.