DESILUSÃO DE NADER
Algarvio perdeu a medalha dos 1500 metros do Mundial de pista coberta nos últimos 20, ao ser surpreendido pelo neozelandês
Uma final controlada, um pódio à vista e subitamente um tal de Beamish acelerou de quinto para o ouro. Nader teve um amargo quarto lugar, a namorada, Salomé Afonso, foi oitava logo a seguir.
Isaac Nader, que este ano já tinha corrido cinco vezes os 1500 metros, terminando sempre à frente – e conquistando ainda o título nacional dos 10 km! –, alinhou na final de Glasgow como um campeão, mantendo-se a meio do pelotão até subir a segundo, à entrada da última volta, mas foi a maior vítima de uma das grandes surpresas do Mundial de pista coberta que se realizou na Escócia, o neozelandês Geordie Beamish. Com um sprint louco, passou de quinto a primeiro nos últimos 20 metros e deixou o português em quarto.
“Embora seja uma boa final, um quarto lugar, acabo por sentir alguma desilusão, pois não foi o que esperava fazer”, confessou Nader, que na reta final se conformara a perder para os norte-americanos Hocker e Kessler e ficar com o bronze, jamais contando com um Beamish que nunca tinha corrido os 1500 a tanta velocidade. “Só queria uma medalha, estava a borrifarme para a cor”, atirou o neozelandês, tão espantado
como os rivais.
“Sei o que trabalhámos e o que acreditávamos conseguir. Foram muitos atletas na final e isso aumentou o desgaste e levou a que não estivesse, mesmo no final, com a reação para chegar à medalha”, explicou ainda Nader, algarvio de 24 anos que logo a seguir teve a namorada em pista. Salomé Afonso, que surpreendera ao passar à final, teve um oitavo lugar meritório,
com mais um recorde pessoal: 4m06,18s, ainda longe da etíope Freweyni Hailu, que bateu duas norte-americanas beneficiando de um trabalho coletivo. “Estava a sentir-me muito bem, em bom momento de forma, a minha mentalidade está a mudar. Estou muito grata por chegar a este ponto e ser finalista”, comentou a leoa.
Portugal, com o bronze de Tiago Pereira no triplo salto,
16.ª medalha nacional em Mundiais de pista curta, foi 27.º no medalheiro, liderado pelos Estados Unidos, com seis ouros e 20 pódios. Mas no último dia as estrelas foram os neozelandeses (dois títulos) e os belgas, com Alexander Doom a repetir o ouro na estafeta 4x400, além de Devynne Charlton, das Bahamas. Com 7,65 segundos, foi campeã dos 60 barreiras batendo o recorde mundial.