O dragão precisa de amigos
A goleada sobre o Benfica abriu uma janela para o FC Porto espreitar os lugares de acesso à Champions. Pelo caminho, isolou o Sporting na liderança. Talvez os leões devolvam a simpatia mais adiante.
Parafraseando George Orwell, os jogos são todos iguais, mas os clássicos são um bocadinho mais iguais do que os outros. O de ontem, no Dragão, foi ainda mais igual do que é costume nos duelos entre FC Porto e Benfica. Uma goleada por 5-0 não acontece todos os dias. Aliás, a última vez que aconteceu foi há cerca de 14 anos, tinha o FC Porto jogadores do calibre de Hulk, Falcao e James no plantel. Ora, ao contrário do que disse Sérgio Conceição no final do jogo, a vitória de ontem sobre o Benfica não vale só três pontos. Vale os três que o FC Porto ganhou e os três que o
Benfica perdeu e ainda vale mais qualquer coisa, porque deixa os dragões em vantagem na eventualidade das duas equipas terminarem o campeonato em igualdade pontual. Claro que ainda há seis pontos para recuperar em relação aos encarnados, mas uma goleada como a de ontem também vale pelo impacto anímico que tem. O FC Porto saiu do clássico reforçado na convicção de que é possível jogar mais vezes a este nível. O Benfica, por sua vez, sofre a segunda derrota frente a rivais diretos no espaço de menos de uma semana e esse é o tipo de sequência que faz abanar a fé na revalidação do título e, desde logo, na capacidade de Roger Schmidt para a garantir. Tal como tinha acontecido com os leões, os encarnados falharam completamente a entrada em jogo e quando o alemão tentou corrigir alguma coisa, já a discussão pelo resultado estava encerrada. Claro que, no meio disto tudo, quem saiu a ganhar foi o Sporting, que se isolou na liderança com um jogo a menos. Quem sabe se os leões não devolvem a amabilidade quando defrontarem os encarnados. Afinal, o Dragão também precisa de amigos.