Reerguer um histórico com muito bairrismo
Direção “colegial” não tem presidente e funciona em equipa para conduzir os destinos do clube, que é segundo classificado da Série A do CdP. “Peso” do símbolo obriga a ter ambição
Vice-presidente João Magalhães aponta a necessidade de ter “contas certas” e de trabalhar com um orçamento “à medida da realidade”. Pede, por isso, que a cidade se una em torno do sucesso jesuíta. JOÃO MAIA
Oito participações na I Liga e três na II Liga ilustram o peso histórico do Tirsense, hoje arredado dos patamares maiores do futebol português, mas sempre à procura de algo mais. Os jesuítas estão no segundo lugar da Série A, com um ponto de avanço sobre o terceiro. João Magalhães, vice-presidente, faz parte de uma Direção que se apresenta como “colegial” e na qual “todos participam da mesma forma”. “Tivemos um presidente e um vice-presidente demissionários. Ocupo o cargo de vice-presidente para manter o clube em funções, mas todos trabalham na sua área e estamos
unidos em prol de um objetivo”, explica o empresário, 37 anos, que era patrocinador até entrar para a Direção, em janeiro de 2021.
Apesar do orçamento ser
“dos mais baixos” da série, o passado obriga a que em campo haja sempre ambição. “O clube continua numa posição financeira delicada, precisa da envolvência da cidade, mas estamos muito melhor agora do que há três anos”, explica. “Temos a preocupação de criar sustentabilidade, de sanear as dívidas, para mais tarde alcançarmos outros patamares. O objetivopassapelapermanência, mas carregamos o peso de uma camisola e de um símbolo que nos obriga a ser ambiciosos e exigentes, sempre com os olhos postos na subida”, acrescenta.
Em 2019, o Tirsense foi notícia pelas enchentes, à moda antiga, no velhinho Estádio Abel Alves de Figueiredo, nos distritais da AF Porto. O fenómeno abrandou, mas Magalhães tem esperança que se repita. “Fazemos uma forte aposta na Comunicação e no Marketing para promover o clube. Temos conseguido números
interessantes de assistências e o objetivo é criar uma onda negra para reviver esses momentos. A equipa também tem puxado pelos adeptos e esperamos que os sócios nos deem o empurrão que precisamos nesta reta final”, pede.
Embora compita contra clubes com investidores, em Santo Tirso trabalha-se à moda antiga, com muito bairrismo. “É difícil lutar contra as SAD. Temos uma equipa feita com rigor, que cumpre e com uma gestão rigorosa, à medida da nossa realidade”, atira, lembrando que o futuro dependerá sempre dos sócios. “O Tirsense é deles, não é da Direção. Investidores? Se um dia acharem que esse é o caminho a seguir, assim será, mas primeiro é preciso haver interessados, depois é necessário que a proposta seja credível e séria, e a seguir é preciso que os sócios aceitem”, conclui.
“O clube continua numa situação financeira delicada, precisa de envolvência da cidade, mas estamos muito melhor agora”
“Fazemos uma forte aposta na Comunicação e no Marketing para promover o clube”
João Magalhães Vice-presidente do Tirsense