“EVITARIA FALAR DE CANSAÇO”
Amorim está obrigado a fazer gestão e a pensar na Liga mas é desavisado “arranjar desculpas aos jogadores”
O técnico do Sporting assumiu após os últimos jogos que vários atletas estão fatigados e com “falta de frescura”. Antigo treinador-adjunto dos leões diz que é preciso lidar com isso.
ANTÓNIO PIRES
Carregado por um calendário apertado, o Sporting denotou dificuldades físicas nos últimos jogos, com quebras de intensidade e até lesões musculares (Gonçalo Inácio e Pedro Gonçalves no decorrer de jogos e Adán em treino). Rúben Amorim assumiu a falta de frescura e cansaço em vários jogadores, justificando também por isso a gestão que fez, por exemplo, no último jogo com a Atalanta.
Um discurso que Luís Martins, treinador que passou pelos quadros do Sporting e foi um dos adjuntos de José Peseiro em 2004/05, considera contraproducente. “No meu entender, Amorim errou ao ter esse discurso do cansaço. Não o teria expressado publicamente. Ao falar do cansaço dos jogadores e da equipa, o treinador pode estar a arranjar desculpas para os seus futebolistas. É certo que há uma fadiga acumulada e também emocional mas estamos a falar de jogadores profissionais e estas palavras podem ter um efeito negativo”, comentou o técnico.
Embora considere não ser avisadocolocaraquestãodafadiga na ordem do dia, Luís Martins admite que é uma questão inevitável nesta altura da temporada. “O Sporting já está a fazer há algum tempo muitos jogos e com pouco tempo de descanso entre partidas e isso, naturalmente obriga o treinador a fazer alguma gestão. Não há alternativa, até porque além dos jogos pelo clube muitos jogadores acumulam ainda outros pelas respetivas seleções”, explica o treinador, referindo a questão mais importante a ter em conta: “A fadiga acumulada impõe grande atenção à recuperação, sobretudo para evitar lesões que são o maior problema. Tem de haver uma gestão cuidada tanto nos treinos como nos jogos. Este não é problema exclusivo do Sporting. Benfica e FC Porto também passam pelo mesmo e o Braga já o teve no passado, pagando também se calhar por isso com resultados menos bons.”
Questionado se, face a estas dificuldades, Rúben Amorim deve dar prioridade ao campeonato, até porque já anunciou que é a prova mais importante, Martins lembra: “Ao escolher o onze que foi titular frente à Atalanta, isso pareceme evidente. Tal não significa quenãopudessediscutirojogo com aqueles jogadores, sendo certo que a Atalanta é uma equipa fortíssima da Serie A e voltou a demonstrá-lo.”
Em 2004/05 na luta pelo título e na final da Taça UEFA, o Sporting acabou por perder ambas as provas no espaço de dias. Luís Martins não crê que tenha sido o excesso jogos a ditar o desfecho. “Foi uma situação semelhante com muitos jogos e tivemos de fazer gestão. Mas não penso que se possa dizer que foi o número de jogos dessa época a custar-nos o título nacional”, conclui.
“Há uma fadiga acumulada e também emocional. Mas não a teria expressado publicamente como fez Rúben Amorim, pode ter um efeito negativo nos jogadores”
Luís Martins
Treinador