O Jogo

PASSEAR À CHUVA ANTES DE ASSALTAR OS QUARTOS

Seriedade, dinâmica e eficiência construíra­m o triunfo do FC Porto, contra um Portimonen­se que não tinha as coordenada­s deste jogo. Segue-se o Arsenal

- Textos ANA LUÍSA MAGALHÃES

No arranque, Nico González estreou-se a marcar e encaminhou as coisas para os dragões, que só num par de vezes falharam no absoluto controlo sobre os algarvios. Galeno desenhou outro arco perfeito.

●●● Debaixo da chuva de que o Algarve tanto precisa, não houve o mínimo espaço para desconfiar de um FC Porto que às vezes desliga a ficha quando menos se espera. Depois de golear o Benfica e antes de discutir a passagem aos quartos de final da Liga dos Campeões com o Arsenal, a equipa de Sérgio Conceição chegou embalada a casa do Portimonen­se e saiu satisfeita, com um triunfo que poderia ter tido mais do que três golos de diferença (3-0). Na verdade, também há que dizê-lo, a formação orientada por Paulo Sérgio deu uma imagem muito pálida: desconfort­ável a defender, errática a sair desde atrás e fácil de anular quando tentou jogar direto. Apenas duas vitórias nos últimos 15 jogos convidam o Portimonen­se a fazer melhor, se não quiser acabar a época com a corda ao pescoço.

Quem não tem culpa disso é o FC Porto, que até já perdeu em casa com uma equipa que estava em último lugar na altura (Estoril), além de outros dissabores difíceis de explicar, como já referimos. No entanto, um onze sem poupanças encarou o jogo com grande seriedade e umas doses interessan­tes de dinâmica, antes de, já com o assunto arrumado, gerir o esforço. Uma exceção à regra até foi logo aos 6’, quando Seck rasgou a defesa do FC Porto com um passe em profundida­de para as costas de Pepe, que deixou Hélio Varela com tudo para visar a baliza, mas um toque acidental na bola desfez o perigo. Não só os dragões não voltariam a permitir semelhante situação, que nasceu de uma saída desocupada pelo corredor esquerdo do Portimonen­se, como marcaram logo a seguir. Querer sair a jogar desde trás tem riscos, que aumentam exponencia­lmente frente aos azuis e brancos, formatados até ao ADN para pressionar alto. Seck complicou, Gonçalo Costa cortou para o pior sítio e Nico González, após um toque de Galeno, atirou colocado para o primeiro golo pelo FC Porto. O 2-0 poderia ter vindo ainda antes dos 10’ – Pepê atirou um chapéu à barra –, mas o jogo já estava preso e não mais se libertou. Seck, não raras vezes, parecia um central e Gonçalo Costa um lateral. Porém, foi por ali que o FC Porto ensaiou uma dança de lugares. Pepê caía para a direita, Francisco para o meio e João Mário acelerava em profundida­de ou em movimentos interiores. À esquerda, Galeno e Wendell tinham o apoio de Nico e Evanilson e era com naturalida­de que a bola circulava pelos últimos 25-30 metros.

Se a margem mínima podia alimentar alguma dúvida, G aleno tratou de garantir que não, no início de uma segunda parte em que só se trocaram as balizas para onde cada equipa atacava. Remate em arco (58’), a fazer lembrar o golaço ao Arsenal, e um bis que ficou a dever a ele próprio pouco tempo depois, numa situação em que marcar afigurava-se bem mais fácil.

Do Portimonen­se, pouco se via. Cortou no alto risco de sair a jogar sem saber e apostou num jogo direto com mais fé numa entidade superior do que no treino ou algo mais criterioso. Jasper ainda teve uma boa iniciativa, aproveitan­do o cansaço de Wendell, mas era claro que o 3-0 seria uma questão de tempo. Jorge Sánchez, fresquinho, assistiu Pepê ainda a dez minutos do fim e este fechou o triunfo de uma equipa que se reencontro­u. Não é a primeira vez que se escreve isto, veremos se desta é definitiva.

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Varela fechou o jogo com uma eficácia de passe de 100%
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