O Jogo

Como aparece a foca num jogo tão sério

- Luís Freitas Lobo luisflobo@planetadof­utebol.com

1O jogo decorria como aqueles em que é comum dizer-se que “estava fácil”, mas tantas vezes essa diferença vista no relvado não se traduz no resultado, o tempo vai-se arrastando só com a vantagem tangencial e, de repente, a equipa que parecia inofensiva vai uma vez à frente e marca. Foi sentindo esse perigo aparenteme­nte invisível que Conceição abriu os braços virado para a equipa quando no final da primeira parte viu Jasper, extremo inglês que sabe jogar, aparecer sem marcação a fugir pela ala direita. Não deu em nada mas são muitas vezes esses lances que viram o jogo do avesso e o FC Porto tem saboreado vezes demais nesta época essa inversão no jogo. Por isso, Conceição, no fim, frisou esses lances, quase jogadas/ ataques furtivos no jogo, em que a perda da bola não teve a resposta certa da equipa e abriu uma fenda por onde o adversário podia aparecer.

2A competênci­a tática que a equipa portista revelou, porém, durante todo o jogo, não permitiu ao Portimonen­se, um equipa com bons jogadores mas que não revela uma identidade clara, quase nada ofensivame­nte. Paulo Sérgio muda * demasiadas vezes de sistema mas nem é, por isso, que perde essa consistênc­ia exibiciona­l. Trata-se mais da criação da noção de bloco entre setores que lhe garanta maior segurança a defender e na reação à perda da bola. Tem muitos golos sofridos e muitas vezes deixa os jogos (onde até estava bem) fugir-lhe dum momento para o outro. Contra o FC Porto não teve, no entanto, essa hipótese. A concentraç­ão competitiv­a portista veio impulsiona­da da goleada no clássico e voltou a mostrar a dimensão de Pepê em processar na sua cabeça todo o jogo da equipa em termos de transições. Atrás, Nico González soube perceber os tempos de ser o “médio intruso”, espécie de jogador-extra a aparecer na frente, e fez, assim, o seu golo que abriu o resultado. O seu cresciment­o no meio-campo portista, dá à equipa uma dimensão diferente para pegar no jogo e conectar as três linhas do meiocampo, como uma espécie de segundo pivô livre (à frente de Varela e atrás ou junto a Pepê).

3Antes, um toque subtil de Galeno com olhos de técnica matreira. Um jogador que voa cada vez mais para grandes golos, daqueles estética e tecnicamen­te mais difíceis (metendo a curva perfeita na bola junto à área) mas que depois falha outros a surgir isolado em frente ao guardarede­s. A questão da definição perante a dificuldad­e da simplifica­ção.

Os craques têm estas coisas, quase de paradoxo tecnicista, como fossem a tal foca caprichosa de que Conceição falava na conferênci­a de antevisão, espetacula­r numas coisas, brincadeir­a a mais noutras, nos ditos golos fáceis.

Este FC Porto também será, olhando ao que tem sido esta época com tantos momentos de acender e apagar, um pouco a imagem desta bipolarida­de de abordar os jogos e as suas jogadas. Pode falhar mutos golos, mas o problema maior, o perigo que Conceição temia, está no desligar defensivo.

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Galeno voa cada vez mais para os grandes golos

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