O Jogo

A revolução será television­ada

- Veludo Azul Miguel Guedes

Independen­temente do que possa acontecer hoje ao país, independen­temente do que possa suceder em Arouca ou na Luz e sem cuidar de eleições ou précampanh­as internas. Espera-se uma revolução. O FC Porto espera pelo jogo com o Arsenal para saber de que matéria é feita a revolução anímica e recuperaçã­o exibiciona­l da equipa para esta derradeira fase da época. Agora que voltamos a encontrar o caminho da baliza com oito golos marcados sem resposta em dois jogos, depois de um moralizado­r 5-0 frente ao Benfica e de uma vitória sem espinhas em Portimão, o “dragão” voa para Londres com a perspetiva de continuar a fazer História na Liga dos Campeões e perpetuar a ideia de que, mesmo sem competir a sério na Liga portuguesa, é um caso sério de competênci­a na Europa. Um falhanço rotundo contra o Arsenal será o sinónimo de um fim de época demasiado tristonho para ser verdade. Sem troféus para conquistar senão a Taça de Portugal, é na Champions que o FC Porto pode procurar inspiração e alento. Veremos, a esmagadora maioria à distância. Uma tarefa árdua para campeões, entregue como oportunida­de a uma equipa em construção que se quer audaz. Todos vimos em campo e na televisão. O que sucedeu no domingo passado, mão cheia frente ao Benfica, foi mais uma demonstraç­ão daquele ADN interior e combativid­ade-segundapel­e que não abandona o FC Porto nos momentos decisivos. A equipa percebeu o momento como ninguém e caiu sobre o adversário com a raça e a competênci­a que se viu no início da época na primeira parte da Supertaça. Só que agora foi até ao fim. Até à estocada final, número mítico, foi aos cinco num conjunto de goleadas que tem três vidas e aparece, consistent­emente, a cada 14 anos. Quase que por magia, nada temendo, a exibição incontesta­da frente ao Benfica teve o condão de carregar uma carga adicional de nervos e dúvidas que o adversário pode transporta­r até ao final da época de Schmidt no clube. Seja como for, há um determinad­o acerto de contas que o FC Porto promoveu com uma mão cheia de golos, como se conseguiss­e aquilo que várias equipas estiveram quase a fazer ao Benfica, acabando por perder ou empatar os seus jogos. Em Portimão, a primavera algarvia em azul à vista. Com um campo que convidava a pôr a bola a rolar, a nova equipa tipo azul e branca mostrou como a tarefa encontrar

O “dragão” voa para Londres com a perspetiva de continuar a fazer História na Liga dos Campeões

um onze é fundamenta­l para encarar uma prova-maratona. Tivesse sido assim antes. Assim seja para a próxima época se mantivermo­s os jogadores que agora começam a ganhar rotinas e confiança nos seus lugares. Pepê ao centro é uma manobra de acerto evidente pela visão de jogo e capacidade de entendimen­to na proximidad­e da baliza. Dois golos em dois jogos, finalmente. No meio campo, Nico e Varela, a dupla que tardava e com Eustáquio à espreita. Na defesa, Otávio pegou com mais estacas em meia dúzia de jogos do que muitos em dois anos. Agora que voltamos a ter uma equipa, que nos restem as competiçõe­s para jogar.

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