O Jogo

BERGKAMP? DE LEVAR AOS OMBROS

Viagem a anos de sonho do Arsenal com um “menino bonito” do clube, indomável no talento e nos vícios

- PEDRO CADIMA

Merson apanhou longa era de Graham em Highbury, testemunho­u a transição para Wenger por uma época, perdendo a carruagem para anos de ouro do francês. Mas a sua estrela brilhara a partir de 88/89.

Com 327 jogos pelo Arsenal, 78 golos, Paul Merson foi um dos maiores talentos que emergiu nos gunners, acompanhan­do a era de George Graham, onde se consagrou duas vezes campeão inglês. De técnica refinada, mestre no último passe e na finalizaçã­o, apareceu logo como estrela em 1988/89, votado como jogador jovem do ano em Inglaterra. Atuou com Ian Wright e Kevin Campell, mais tarde ainda com Bergkamp.Comentador­muito solto, e com uma reviravolt­a incrível nas suas confissões de adições, Merson é hoje acutilante nas palavras. Fomos em busca das suas memórias de tempos divinos.

“Fiz 11 anos num clube incrível, lutando por troféus e vencendo alguns. Sendo honesto, podíamos ter ganho mais, faltou uma Liga dos Campeões, o Liverpool ganhou a prova num ano em que fez menos 25 pontos do que o Arsenal no campeonato. Mas fico feliz com dois títulos e uma Taça das Taças e, sobretudo, por ter feito parte de um grupo fenomenal”, destaca.

Merson recorda o seu arranque nos londrinos, pontuado por conquistas muito depressa. “Éramos um grupo de muito trabalho com Graham. Não éramos os melhores do mundo, não éramos fantástico­s, mas competíamo­s com qualquer um, pois havia grande sentido de equipa e fomos bem sucedidos”, revela, venerando os que lhe deram mais gozo como colegas. “Primeiro o Alan Smith, era um craque. Mas fui um sortudo por jogar com grandes figuras. Se marquei 16 golos na época do título (91/92) é porque estava rodeado dos melhores. Mas depois joguei com Bergkamp e foi algo inacreditá­vel. Era de o levar aos ombros, vendo o que ele fazia. Como treinava! Eu, naquela altura, não acreditava que um jogador pudesse ser tão bom!”, exulta sobre o genial neerlandês, analisando o que foi o Arsenal de Graham e o de Wenger, do qual foi dispensado, após uma época. “George era um homem tático, muito conhecedor do futebol britânico. Quando chega Wenger foi algo assustador, era muito à frente do nosso tempo. E ainda vieram Vieira, Petit, Overmars, Ljungberg, Lauren. Ele fez uma equipa fabulosa e não posso olhar para trás. As coisas foram como foram, deram-se mudanças e eu vivi também grandes anos no Middlesbro­ugh, Aston Villa e Portsmouth. O Arsenal fez-me, devo-lhe tudo e percebi que tinham encontrado o caminho certo. Trouxeram jogadores lendários, estiveram 49 jogos sem perder. Nunca mais haverá na Premier League uma equipa a fazer uma época invicta ou acabar com 100 pontos. Foi algo único e louco”, exalta.

A única vez que defrontou um rival português, o Benfica, na Taça dos Campeões, de 91/92, Kulkov e Isaías (2) promoveram noite épica em Londres (1-3). “Fizemos um grande jogo em Lisboa e deu um 1-1. Mas eles também fizeram um grande jogo cá e nós estivemos mal no prolongame­nto. Era um bom Benfica e mereceu passar.”

PAUL MERSON

“Estive 11 anos num clube incrível, ganhei títulos e mais se podia ter ganho. Deu ainda para a Taça das Taças”

“Quando chega Wenger foi algo assustador, era muito à frente do nosso tempo”

 ?? ?? MERSON FEZ DEZ ÉPOCAS NO ARSENAL E LOGO NA SEGUNDA FOI CAMPEÃO, SENDO ELEITO JOGADOR JOVEM DO ANO
MERSON FEZ DEZ ÉPOCAS NO ARSENAL E LOGO NA SEGUNDA FOI CAMPEÃO, SENDO ELEITO JOGADOR JOVEM DO ANO
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal