A arte de complicar o que é simples
1Gostei muito do primeiro jogo de ontem (até meio da segunda parte). Jogámos muito bem e só pecámos na finalização. Não gostei nada do segundo jogo (dali até ao fim). Perdemos o controlo e mexemos tarde e mal. Espero que o sucesso não esteja a subir à cabeça de Pacheco: às vezes o óbvio é mesmo a melhor solução.
2A pré-convocatória de Jota Silva para a Seleção Nacional é uma boa notícia. Uma boa notícia para o próprio, para o Vitória e mesmo para a saúde da nossa liga. Jota tem uma carreira construída a pulso, sempre em sentido ascensional. Quando o “descobri” no Casa Pia pareceu-me um jogador interessante, mas não mais do que isso. Felizmente, alguém teve mais visão e foi buscá-lo. A verdade é que, depois de uma época de estreia com altos e baixos, Jota não parou de crescer, tendo-se transformado no jogador mais decisivo da equipa. A préconvocatória é justa, por isso. Resta saber se vamos passar da pré-convocatória à convocatória propriamente dita, o que encaro com prudente ceticismo. Não tanto pela feroz concorrência que ele enfrenta, mas sobretudo pelo conservadorismo parolo que é apanágio dos selecionadores quando encaram jogadores que não vistam uma de três camisolas. Esperemos que esteja a ser injusto.
Espero que o sucesso não esteja a subir à cabeça de Álvaro Pacheco
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Há conceitos e palavras que vivem em constante abastardamento e outras em que ninguém ousa tocar. No primeiro grupo cabe a palavra “dérbi”. Hoje em dia, os dérbis crescem um pouco por todo o lado. Só o Vitória, parece que tem dérbis contra todos os clubes do Minho. Na antevisão do jogo de ontem, até se falava do caráter “intenso” destes dérbis. Deixem dar-vos uma novidade: os jogos contra Famalicão ou Gil Vicente são exatamente iguais à maioria dos demais. A proximidade geográfica não altera grande coisa. O que muda tudo é a rivalidade. E essa está guardada para muito poucos.
Por outro lado, quando em Portugal se fala em “clássico”, manda a lei que só podemos estar a falar em três jogos. Ora, “clássico” será um jogo que já se realiza há muitos e bons anos. E aí segue outra novidade para muitos: a seguir a Sporting, FC Porto e Benfica, é o Vitória que tem mais presenças na primeira divisão: 79. Um jogo que se tenha repetido cento e cinquenta e oito vezes não merece também ser apodado de “clássico”? Não, porque esse é privilégio reservado só a alguns.