O Jogo

Dos treinadore­s?

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Artur Jorge foi o 1.º treinador português a conquistar a Taça dos Campeões Europeus e o 1.º num grande campeonato, o francês, onde venceu os maiores títulos e ficou ligado ao cresciment­o dos clubes pariesiens­es. A partir de 1987 treinou outros clubes e selecções, abrindo portas a colegas que, desde a década de 90, rumaram às 4 partidas do Mundo. De entre os que o fizeram e tornaram conhecida a “escola portuguesa” salientam-se Queiroz e Vingada, desde 1996, Manuel José, (2000), Fernando Santos (2002) e Peseiro, a partir de 2003, como casos de sucesso em vários países e continente­s. José Mourinho, a partir de 2004, aproveita a rampa de lançamento das conquistas com o Porto para chegar ao estrelato mundial nos maiores clubes das ligas inglesa, espanhola e italiana. Com o Special One, as portas escancarar­am-se e os clubes europeus (e não só) passam a olhar para os treinadore­s portuguese­s com maior respeito. Nos últimos 20 anos, entre cem e 200 técnicos espalharam-se pelo mundo, com incidência em Inglaterra, França, Itália, Espanha, Grécia, Rússia, Turquia, EUA, México, Coreia do Sul, e recentemen­te Brasil e Arábia Saudita. No apogeu da fama os nossos treinadore­s estiveram em cerca de 15 clubes com êxitos em 4 das 5 grandes ligas- a

Alemanha é exceção. Lembro Leonardo Jardim, Paulo Sousa, Jesualdo, Vítor Pereira, Paulo Bento, Villas-Boas, Paulo Fonseca, Carlos Carvalhal, Rui Vitória, Nuno Espírito Santo, Marco Silva. E, claro, Jesus, que descobriu o Brasil, o bicampeão Abel, Caixinha, Luís Castro ou António Oliveira, filho do grande Toni (teve experiênci­as interessan­tes na Ásia). Agora o balão parece algo esvaziado. Na liga inglesa só dois técnicos. Nenhum em Itália após saídas de Mourinho e Sousa. Em França apenas Fonseca. De nove no Brasil passaram a 3. Grécia, Turquia, Arábia e outros países do Golfo são ainda âncoras com excelentes resultados. Mas o “Outono” de Mourinho, com passagens conturbada­s no Chelsea, Tottenham, Man. United e Roma, apesar dos títulos, parece condiciona­r o olhar dos tubarões sobre a nossa matériapri­ma. Temos gente com muito valor? Sim. Alguém no Top-10? Ou Top-20? Que passo dará Mourinho para seguir ao mais alto nível? Quem estará interessad­o em levar Amorim ou Conceição? Estará a “escola portuguesa” esgotada? Num campo tão individual­ista, é tempo dos técnicos debaterem – novas formas de olhar as organizaçõ­es, estruturas, agentes, jogadores, formação, transferên­cias, a economia do futebol, imprensa, regras de convivênci­a e competição. E traçar objetivos e estratégia­s para voltar ao topo!

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