O Jogo

Cabeça de Schmidt não é a única a prémio

- Vítor Santos

Quando as épocas começam, nenhuma direção tem em mente despedir o treinador a meio, salvo raríssimas exceções que apenas confirmam esta regra básica do futebol. Ao longo das campanhas, pesados prós e contras, as estratégia­s mudam. Apesar dos resultados e das exibições serem preocupant­es, tudo exponencia­do por um mau jogo em Alvalade, uma humilhação no Dragão e da atuação anárquica com o Rangers, Rui Costa, o presidente do Benfica, mantém a confiança em Roger Schmidt. A questão é até quando. Ninguém pode ignorar que o alemão que devolveu as águias aos títulos nacionais é mais visto como problema do que como solução. Está longe de ser o único culpado, embora esta seja uma evidência que nunca o salvará.

Antes das apostas deficiente­s de Schmidt, há um longo processo que contribui para que um treinador outrora adorado na Luz receba assobios a cada jogo. Por alguma razão a equipa, como ainda ontem sublinhou, é apoiada. Mas convém desmistifi­car esta ideia de ser ele o único culpado. Lá chegaremos às responsabi­lidades técnicas. O primeiro problema do Benfica é excesso de liquidez e de incompetên­cia na hora de contratar. Nenhum outro clube em Portugal consegue, numa só época, adquirir três laterais e esquerdos e apresentar um jogador adaptado à posição; menos ainda adquirir dois pontasde-lança e optar por um ataque móvel, sentando todos no banco. Também ontem, ao lançar o jogo com o Estoril, o técnico explicou a diferença entre os novos e Gonçalo Ramos, que saiu. Está bom de ver que o Benfica não contratou o atacante que precisava… Para se perceber o desatino, a SAD realizou uma contrataçã­o recorde, a de Kokçu, o melhor jogador do campeonato dos Países Baixos no ano passado, para não saber bem o que fazer com ele. Se repararmos no dano que a saída de Enzo causou em janeiro de 2023, é fácil entender que as águias precisavam era de um 6-volante, porque João Neves está talhado para os mesmos movimentos do turco, com a vantagem de entender bem melhor o processo defensivo. Para encerrar a desordenad­a política de contrataçõ­es, atente-se nos extremos comprados em janeiro, para jogar na equipa B – Schjelderu­p também andou por lá, alguém sabe o nome do clube onde está?

Ninguém pode ignorar que o treinador que devolveu as águias aos títulos é mais problema do que solução

Agora, sim, o pecado maior de Schmidt, que sem rápida emenda o levará à cruz. Como não frequento o balneário do Benfica, posso estar enganado, mas o treinador parece mais preocupado em gerir egos do que em emprestar à equipa as ferramenta­s ideais para ser sólida defensivam­ente e eficaz no ataque. Florentino é um caso flagrante, por ter minutos a menos, Di María é outro, por ter minutos a mais.

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