O Jogo

“Porque não chegar à final?”

ALENICHEV Passar o Arsenal dará direito a sonhar porque, diz, para o FC Porto nunca há impossívei­s

- PEDRO CADIMA

Russo, que marcou em duas finais europeias, com expectativ­as de ver os dragões fintarem novamente a lei do mais forte na Champions, tal e qual aconteceu na conquista de Gelsenkirc­hen, há 20 anos.

De uma carreira triunfal na Rússia, dando perfume a anos gloriosos no Spartak Moscovo, com quatro títulos festejados, Alenichev abriu o seu futebol a outros mundos, passeou classe por Itália, mas foi em Portugal, no FC Porto, que conseguiu enriquecer grandement­e o seu currículo, vendo os 139 jogos divididos por quatro épocas correspond­erem a dois títulos nacionais, duas Taças de Portugal, mas, sobretudo, a merecerem o recheio histórico das conquistas da Taça UEFA e Liga dos Campeões com José Mourinho. E o russo não fez por menos, marcando em ambas as finais europeias, frente a Celtic e Mónaco. Recordando a caminhada da Champions, e agora que se cruzaram 20 anos sobre o golo de Costinha em Old Trafford, Alenichev espera que também haja o mesmo brilharete no Emirates, amanhã à noite. “Não assisti por inteiro ao jogo do Dragão, pois tive de viajar de avião e não posso cingir qualquer análise a fragmentos. Mas espero que este 1-0 seja um resultado que permita ultrapassa­r o Arsenal e, caso aconteça, porque não fazer a equipa pensar em chegar à final com nós fizemos há 20 anos? Os favoritos são outros como o City, o Real Madrid, o Inter ou o Bayern, mas para o FC Porto nunca há impossívei­s. Dá que pensar, novamente em Inglaterra, 20 anos passados...”, refletiu em jeito de desejo.

O russo puxou pela sua fita grandiosa, recordando Old Trafford e toda uma caminhada de sucesso. “Aquele golo em Manchester, o apuramento, a Liga dos Campeões, em geral, nunca será esquecida, passe o tempo que passar. Ainda me perguntam em Moscovo e toda a Rússia como o conseguimo­s, como foi possível causar toda essa sensação. Sempre respondo que se deveu a uma grande equipa, um treinador fantástico, adeptos maravilhos­os e uma pontinha de sorte”, lembrou Alenichev, recuando ao impacto do momento divino de Costinha. “Antes do jogo em Old Trafford, mesmo com a vitória em casa, ninguém acreditava que iríamos passar, pois, naquela altura, o Manchester United era uma das equipas mais fortes e temidas da Europa e o principal favorito a vencer essa edição. Mourinho disse-nos, no balneário, que podíamos fazer uma surpresa. E todos nós acreditámo­s! Fiquei muito satisfeito, os árbitros desse jogo eram russos e quando soou o apito final foi uma loucura, a segunda loucura depois do golo”, recordou.

A festa, porém, continuou. “Foi no balneário, foi no avião e já começávamo­s a imaginar o que nos esperava na chegada ao Porto. Imensos adeptos. E tudo isso só nos fez parar com a conquista da própria Liga dos Campeões. O que aconteceu com o Manchester deu-nos quase a certeza que iríamos à final, o que veio a seguir foi um sonho!”, confessou, ainda arrebatado e portista devoto, atento às dificuldad­es internas. “O FC Porto tem vida muito difícil na Liga, o Sporting pareceme favorito, mas quero estar errado. Quem sabe, não consentind­o mais derrotas, se não dará para ser campeão?”, atestou Alenichev, elogiando as referência­s portistas. “Olho para o Pepe com máximo respeito pelo nível que ainda apresenta. E o treinador tem feito um ótimo trabalho, é um ganhador e gostava de o ver tentar a sorte num clube forte de outro campeonato europeu”, observou.

“Dá que pensar, novamente em Inglaterra, 20 anos passados...” Alenichev Ex-jogador do FC Porto

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Alenichev com Giggs em Manchester, há 20 anos

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