O Jogo

Um jogador como já não há

A mística, a entrega e a raça do antigo lateral direito foram destacadas pelos que com ele partilhara­m balneário

- RODRIGO CORTEZ

“Era um homem que nunca quebrava. Para ele, nunca havia impossívei­s”

Rui Costa Presidente do Benfica

“Alguém que o Benfica deve guardar com muita saudade. Aquele era mesmo à Benfica”

Luís Filipe Vieira Ex-presidente do Benfica

“Dizer que era um grande homem não basta. Era uma pessoa espetacula­r”

Carlos Manuel Ex-jogador do Benfica

O atual presidente Rui Costa foi dos primeiros a chegar, mas depois entrava Luís Filipe Vieira no Centro Funerário de Cascais. Ambos deixaram elogios rasgados do antigo lateral das águias.

Diversas figuras do universo benfiquist­a estiveram ontem reunidas no velório de Minervino Pietra, falecido na última sexta-feira, vítima de doença prolongada. “Um jogador como já não há”, conforme sintetiza António Bastos Lopes sobre o lateral direito que represento­u o Benfica em 314 jogos, entre 1976/77 e 1986/87. Era um jogador de “muita entrega”, acrescenta o antigo central.

“O Pietra disputava cada lance como se fosse o último. Disputava cada milímetro. E isso fazia com que os outros também fizessem o mesmo”, assinala Shéu Han, referindos­e “à mística” que o lateral exemplific­ava como poucos. “Ele traduzia a mística do Benfica. Até na forma como gesticulav­a, como dizia as coisas e como olhava”, afirmou o médio, que com ele partilhou “quase três décadas” no clube, no campo e fora dele.

“Mística? Muitos pensam que se compra na farmácia, mas não. Ganha-se é dia após dia. É preciso gostar do clube. E ele era uma das partes da mística”, realça Bastos Lopes. “Era um jogador à Benfica, de uma raça extrema, dos que mais vale partir do que torcer”, conta, por sua vez, Diamantino Miranda.

Luís Filipe Vieira e Rui Costa lado a lado

Rui Costa foi um dos primeiros a comparecer no Centro Funerário de Cascais. Chegou pelas 17h30 e falou aos jornalista­s passado mais de uma hora, já depois de Luís Filipe Vieira ter entrado na sala que hoje receberá a cerimónia de despedida (11h30), antes da cremação no Cemitério de Rio de Mouro.

“Tivemos o privilégio de conviver com uma pessoa extraordin­ária, com uma raça tremenda. No fundo, com tudo aquilo que nós pedimos a todos os atletas do Benfica. Um exemplo para todos nós”, comentou o atual presidente, sobre um homem “que nunca quebrava e para quem não havia impossívei­s”. Nas horas negativas, segundo diz, “era o primeiro a achar que tínhamos de dar a volta e combater contra tudo para dar a volta às situações. Vou guardar isso dele, essa raça e determinaç­ão no desporto e na vida”, acrescento­u.

Pouco depois, Luís Filipe Vieira, que foi seu presidente no Alverca, onde Pietra foi treinador, e depois no Benfica, aqui como adjunto, declarou à saída: “Além de ser um grande benfiquist­a, tinha um caráter fantástico. Era aquele que nunca escondia as palavras. Tudo o que tinha a dizer, dizia com frontalida­de. Era um grande amigo dele e vivi os últimos momentos dele com alguma intensidad­e, mas a vida é assim, por vezes aqueles que são os bons vãose embora mais cedo. É alguém que o Benfica deve guardar com bastante saudade, porque aquele... era mesmo à Benfica.”

Estou aqui para manifestar à família o meu respeito por um grande jogador, um grande colega”

Michael Maniche Ex-jogador do Benfica

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Rui Costa foi um dos primeiros a chegar ao velório no Centro Funerário de Cascais

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