Os centrais: a base tática
1Foi dos jogos em que, frente ao bom futebol do Arouca, Amorim teve de mexer mais para segurar a equipa e o jogo que se tornava difícil de trás para a frente, isto é, a partir da linha defensiva que ia sendo obrigada a baixar à medida que o jogo decorria, num relvado revolto de relva as saltos, deixando de pressionar alto por opção. Dessa forma, as mexidas principais de Amorim foram na linha dos três centrais, tanto fazendo duas substituições como mudando todos de posição em relação a como começou o jogo.
A entrada de Gonçalo Inácio ao intervalo deu um pé esquerdo na saída pelo lado canhoto com qualidade para tirar bola de trás no passe em vez da tendência de saída em condução de Quaresma, destro e condicionado para fazer esse sair a jogar em posse veloz devido ao estado do relvado. Diomande passou então para o lado direito, onde fecha também em largura como defesa direito quando a equipa faz linha de “4” na transição defensiva (protegendo as costas de Catamo, que acompanhava subidas do lateral arouquense).
Depois, a meio da segunda parte, face às dificuldades de Coates a controlar bolas nas costas (a profundidade e mobilidade de Mujica e Cristo) meteu a velocidade de St. Juste na direita, medindo bem tempos de antecipação no corte, e puxou Diomande, mais forte, para o meio a segurar os
avançados centro do Arouca. Ao mesmo tempo, metia, na frente, o avançado que melhor podia segurar a bola, Paulinho, em vez da mobilidade mais leve de Trincão que já não conseguia andar com a bola na relva.
2Não é comum ver um treinador conseguir mexer tanto taticamente no jogar coletivo da equipa a partir de mexer (substituir ou mudar de posição) nos três defesas centrais. Sucede neste Sporting em face das características muito específicas do seu modelo de jogo e seus princípios (de posicionamento e importância de saída na primeira fase de construção) a partir de trás para a frente. Adapta a equipa a como defender (traços técnicos
dos defesas e colocação do bloco, mais médio-baixo) em face das circunstâncias do jogo e do adversário para, assim, a deixar melhor posicionada para reagir às especificidades táticas adversas.
Não é comum mexer tanto no jogo coletivo da equipa a partir de mexer (substituindo ou mudando posições) nos três defesascentrais
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Com boas ideias, a sair bem no meio (passe/visão de Simão) e abrir na largura aguerrida das faixas (Jason/Sylla) este Arouca de Daniel Sousa voltou a mostrar como sabe montar-se em campo. Tanto joga em bolas divididas como de forma limpa em posse. Alterna jogo apoiado com busca da profundidade. Tanto sobe linhas de pressão como baixa o bloco. É hoje, nestas variantes, das equipas coletivamente mais cultas em termos de jogo posicional adaptado ao sistema.