O Jogo

“Agora é monitoriza­r tudo com muita atenção”

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Antigo dirigente reconhece que o Boavista perdeu tempo com uma gestão débil e foi ultrapassa­do por diferentes emblemas no panorama nacional, falando da credibilid­ade ferida nos últimos anos.

José Pedro Pais finta qualquer presença mais intenciona­l como solução para o clube axadrezado, pedindo, sim, um estreito alinhament­o entre as eleições no clube, em dezembro deste ano, e a renovação de um mandato da SAD.

Entre aqueles que pedem mudanças, surge o seu nome algumas vezes associado. Consegue ter um posicionam­ento como parte de uma solução?

— Neste momento, não existe qualquer ato eleitoral previsto. A nomeação do novo CA será determinad­a em 3/5 pelo acionista maioritári­o e 2/5 pelo, ainda, presidente do clube. As eleições do clube são apenas em dezembro, embora faça todo o sentido que estejam sincroniza­das coma renovação de mandato da S AD. Agoraéaltu­r ade monitoriza­r com atenção, e procurara tiva mente soluções definitiva­s para a reorganiza­ção da S AD e do clube. É nisso que, como boavisteir­o, estou focado.

Para que o Boavista não fique atrás de clubes como Famalicão, Gil Vicente ou Arouca, que reflexões

devem ser feitas para se encontrar um modelo de gestão que conduza à afirmação desportiva?

— O Boavista teve tempo e dinheiro para se redefinir e regressar ao caminho que o aproximari­a do seu legado histórico, mas infelizmen­te desperdiço­u-os, fruto de uma gestão bastante amadora. Outros clubes aproveitar­am melhor este tempo e ultrapassa­ram claramente o Boavista em diversas áreas. O clube tem, no entanto, caracterís­ticas que, mesmo com todos estes problemas, o destacam da maior parte da concorrênc­ia em Portugal, tais como a implementa­ção geográfica numa cidade altamente viva e extremamen­te visitada, um estádio com caracterís­ticas únicas para a organizaçã­o de eventos desportivo­s, uma capacidade formadora notável, tendo em conta as dificuldad­es vividas, uma cultura de exigência, determinaç­ão e ambição transversa­l a toda a estrutura e escalões de formação, vulgo ADN Boavista, um passado bastante honroso, notoriedad­e internacio­nal e, claro, uma extraordin­ária massa adepta, capaz de suportar o clube desde o inferno até ao céu.

Houve as manchas dos salários em atraso, acompanhad­as por uma saída como foi a de Reggie Cannon, os protestos públicos de outros jogadores, a novela de Bozenik no último mercado de inverno, os não pagamentos a clubes internacio­nais. Como sente e vê hoje em dia a imagem do clube que foi campeão?

— Não resta qualquer dúvida que a imagem do Boavista fi

cou profundame­nte abalada ao longo destes anos na sequência desses exemplos que refere e muitos outros. Esse foi o grande prejuízo causado pela liderança de Vítor Murta. No entanto, sei também que essa imagem - que em nada representa os valores que norteiam o clube e os seus adeptos - estará muito mais ligada a quem o gere do que ao próprio clube, e acabará por desaparece­r gradualmen­te à medida que uma nova gestão assuma e retome a conduta de respeito, credibilid­ade e competênci­a que o Boavista merece.

“A imagem ferida nada representa os valores que norteiam o clube e os seus adeptos, está muito mais ligada a quem o gere e acabará por desaparece­r gradualmen­te””

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