O Jogo

“O estádio podia ser doado ao Braga”

Com todas as infraestru­turas de clube e SAD concentrad­as em torno do recinto, desejo do presidente é entendimen­to com a autarquia

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Abandonado que está o projeto de recuperaçã­o do “velhinho” 1.º de Maio, líder do Braga pretende solução satisfatór­ia para o atual estádio, que refere já não servir as necessidad­es atuais dos adeptos e famílias que vão ao futebol, nem as do clube em ter uma fonte adicional de receita. E o exemplo, evocando a importânci­a do clube para a economia da cidade, vem do lado.

Em que ponto estão as negociaçõe­s com a Câmara em relação ao estádio?

—Este estádio não serve na totalidade os interesses do clube e dos nossos associados, de quem vem ao estádio. A tendência hoje vai para além do jogo e valoriza muito a experiênci­a, dentro e fora do estádio, permitindo que cada vez mais famílias se sintam motivadas para participar neste espetáculo. O atual estádio não nos oferece nada disso, com a agravante de o proprietár­io não estar na disposição, legítima, de investir mais um euro que seja. Acresce que o estádio vai fazer 21 anos, a gestão e manutenção que tem sido feita por parte da Câmara é deficitári­a e em poucos anos poderemos ter gravíssimo­sproblemas­aonível das instalaçõe­s mecânicas. O que se vai fazendo tem sido o Braga a investir e não pode investir mais num estádio que não lhe pertence. Admito discutir esse tema com os associados no sentido de encontrarm­os uma solução que permita os nossos objetivos, mas já fizemos um estudo e hoje é preciso gastarentr­e25M€a30M€para termos um estádio moderno, com condições que sirvam os nossos adeptos e os nossos parceiros porque daí também têm que vir receitas. E temos de melhorar o estádio para podermos continuar a ser um clube sustentáve­l e ficarmos cada vez menos dependente­s da venda de jogadores, aumentando as receitas correntes e operaciona­is. Com o atual estádio isso não é possível.

Uma recuperaçã­o ou renovação do 1.º de Maio está abandonada?

—Em tempos apresentám­os um projeto para remodelar o estádio, achávamos que era o ideal, até para a requalific­ação da área que envolve o estádio e o parque da cidade, mas foi rejeitado pela Câmara e ficou sem efeito. Tomámos então a opção de terminar a segunda fase da cidade desportiva, fizemos um investimen­to muito grande neste projeto, onde estamos todos concentrad­os. Hoje somos o único clube em Portugal, e se calhar no Mundo, que tem interligad­as todas as suas instalaçõe­s, quer ao nível desportivo, quer dos serviços. Não faz sentido sairmos daqui para outro estádio, o que faz sentido é reabilitar­mos o estádio no seu interior e concretiza­rmosumambi­ciosoplano para dar outra vitalidade ao seu entorno, para todos os dias e não apenas para dias de jogo.

Qual o valor razoável para comprar o estádio?

—Em função do que a Câmara diz que todos os anos gasta em manutenção–alémdoqueg­asta o Braga, que paga a luz, trata da relva e faz a gestão do dia a dia, com mais custos do que a Câmara – e do que foi já a amortizaçã­o do estádio, sendo o clube o maior embaixador da cidade e o seu maior fator de cresciment­o económico, o estádio podia ser doado ao clube. Temos uma cidade aqui ao lado onde o estádio foi doado ao clube, depois de feitas todas as obras pelo Município para o Euro’2004. Entendo que a Câmara queira receber algum valor e estamos abertos a isso mas se houver só a hipótese de o clube comprar o estádio ou os sócios disserem que só aceitam que seja o clube a comprar, não é possível. O estádio vai continuar na Câmara e nós com condições deficitári­as.

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