O Jogo

“TEM ROÇADO A PERFEI ÇÃO”

José Costa é a primeira barreira do líder avassalado­r da fase de subida. Fala no “espírito da equipa” como segredo

- JOÃO MAIA

Natural de Oliveira do Bairro, o guarda-redes mora em Braga. Vai de comboio até ao Porto, onde apanha boleia com colegas para ir treinar. Nascimento do primeiro filho puxou-o para mais perto de casa.

José Costa, 29 anos, pode estar perto de cumprir um objetivo de carreira: subir de divisão. Esteve perto no Penafiel, Académica e Alverca, entre II Liga e Liga 3, mas agora, no Lourosa, está ainda mais próximo de concretiza­r esse desejo, depois de seis jogos de liderança incontesta­da na fase de subida ao segundo escalão. No entanto, o guarda-redes pede cautela.

Seis jogos, cinco vitórias, um empate e cinco pontos de avanço para o segundo classifica­do. É um bom balanço a uma jornada do fim da primeira volta?

—Éumbalanço­extremamen­te positivo. O que fizemos até agora tem roçado a perfeição, mas é muito fruto da mentalidad­e do grupo, do pensar jogo a jogo, do dar o nosso melhor emcadajogo.Obviamente,estamos bastante felizes.

Numa etapa de promoção que se perspetiva­va tão equilibrad­a, como é que o Lourosa tem feito a diferença?

—O grande segredo é o espírito de equipa e a nossa amizade entre todos. Somos mesmo um grupo muito unido, não só a equipa técnica, mas também os jogadores, além de que os adeptos nos acompanham para todo o lado e são uma força extra.

Foi para o Lourosa esta temporada. Está satisfeito com essa decisão?

—Estou a gostar bastante de representa­r o Lourosa. Já ganhou um lugar muito especial no meu coração e estou muito feliz por ter tomado essa decisão.

Nas últimas épocas esteve no Alverca e no Cova da

Piedade. Sendo natural de Oliveira do Bairro, o que o levou a voltar para um clube próximo da terra natal?

—Sou de Oliveira do Bairro mas vivo em Braga. O nascimento do meu filho pesou na decisão. Em Alverca estava longe da família, não tinha a rede de suporte que gostaria e decidi assentar e vir para perto da família.

Mora em Braga e treina em Lourosa, esse vaivém é cansativo?

—Essa é a parte mais difícil. Demorei um pouco a ambientar-me. Apanho o comboio de manhã para o Porto, depois vou de boleia para Lourosa com mais três colegas e faço tudo igual para voltar a casa. É a logística mais complicada da minha carreira. Já perdi muitas vezes o comboio, já cheguei a estar a subir as escadas e ocomboiopa­rtiràminha­frente. Tanto eu como os meus colegas fazemos tudo para eu poder apanhar o comboio das 12h50e,quandoisso­nãoacontec­e, tenho de esperar uma hora pelo próximo.

E desse grupo que vai no carro, nenhum demora mais a tomar banho a ponto de o fazer perder o comboio?

—Partilho o carro com o Marco Ribeiro, o Rúben Gonçalves e o Bruno Faria. O Rúben é uma coisa... não dá para explicar. Faz sempre tudo ao mesmo ritmo, faz tudo devagar, é muito calmo, muito tranquilo, está sempre tudo bem para ele e volta e meia andamos sempre a apressá-lo. Mas não vale a pena, porque ele não muda.

Voltando à primeira volta quase perfeita do Lourosa. Quem no plantel faz mais questão de vos manter alerta para o que falta jogar?

—O míster é muito pés na terra. Lembra-nos constantem­ente que a linha entre ganhar e perder é muito ténue e que temos de estar sempre alerta. Na Liga 3, um erro, um lance, um pormenor paga-se muito caro.

Está com 29 anos. Sente-se a chegar ao pico da carreira?

—Sinto-me mais confiante, mais maduro. Sinto que hoje em dia, se errar, isso não me afeta tanto como quando era mais novo. Para além das qualidades técnicas e poder físico, a parte mental num guardarede­s é das mais importante­s. Estou no pico dessa fase e isso ajuda-me.

Que desejos gostaria de realizar nos anos que ainda tem pela frente no futebol?

—A curto prazo é poder subir de divisão. Persigo há alguns

anos uma subida; estive perto no Penafiel, na Académica, no Alverca, e tenho o sonho de subir e atingir o patamar mais alto do futebol português, que é a I Liga.

Tem 49 jogos disputados na II Liga. Vê-se a regressar aos patamares profission­ais?

—É tanto o meu sonho como o da equipa e das pessoas que trabalham no clube. Sonhar é grátis e nós fazemo-lo, porém ainda temos muito trabalho pela frente. Há um jogo da primeira volta por disputar, há imensos pontos em disputa. Temos condições para lá chegar e acredito na equipa, esse é o nosso sonho.

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“Venho de comboio para o Porto e vou para o treino de boleia. Já cheguei a estar a subir as escadas e a ver o comboio partir à minha frente”
José Costa Guarda-redes do Lourosa
“Subida? É tanto o meu sonho como o da equipa e das pessoas que trabalham no clube. Temos condições para lá chegar” “Venho de comboio para o Porto e vou para o treino de boleia. Já cheguei a estar a subir as escadas e a ver o comboio partir à minha frente” José Costa Guarda-redes do Lourosa

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