Salvador, Jota e a sensação do sítio certo
É um privilégio alguém sentir-se no local ideal para expressar a sua arte, como faz Jota Silva em Guimarães. E como tem sido a liderança de António Salvador no Braga. Mas porque não expandir horizontes?
Jota Silva vive um sonho e admitiu-o. A caminhada pelas nuvens que tem sido a sua época tende a ser ainda mais doce para o avançado, por ser provável estrear-se pela Seleção no estádio do Vitória, o que, revelou, será algo único. Jota e Guimarães combinam tão bem que dir-se-ia rimarem, fazendo crer que clube e cidade são o local ideal para o jogador expressar o melhor da sua arte. Toda a gente aprecia boas histórias com fundo humano e a de Jota é das que valem a pena, por ser um “self made man” do futebol português (sem desprimor, claro, para os demais), tendo subido a pulso os vários escalões nacionais, e por ter chegado à equipa das Quinas aos 24 anos contrariando a lógica, isto é, sem passado nas seleções jovens. O facto de ter recusado abordagens no mercado de janeiro alimenta a ideia de que se sente no sítio certo. Mas, como é evidente, ninguém poderá censurar-lhe a ambição de sair da zona de conforto em busca de algo melhor para ele. Raciocínio semelhante aplica-se ao presidente que fez do Braga uma potência nacional, desportivamente e nas infraestruturas, que já superam as da maioria dos emblemas em Portugal. O projeto de António Salvador nos guerreiros está longe da conclusão, porque o título nacional continua como fasquia e há outras questões, como o estádio, para resolver. Mas após 21 anos a projetar Braga para o País e a Europa, alimentar expectativas maiores é natural em alguém a quem sempre foi reconhecida equidistância e bom relacionamento com os demais presidentes e clubes, liderando até movimentos, como o G-15. Porque não ambicionar sair da zona de conforto?