No desporto não há nepo babies
Só os melhores chegam à Seleção Nacional e só os excecionais conseguem ficar por lá. Sejam lá quem forem os pais.
Nos Estados Unidos há uma expressão – nepo babies – que descreve pessoas que se distinguem nas mesmas carreiras em que os pais já tinham alcançado sucesso, aproveitando as portas abertas pelos progenitores para ganhar uma vantagem sobre os restantes. Infelizmente, o nepotismo não se restringe à terra dos livres e casa dos bravos. Não é preciso fazer um grande esforço de memória para identificarmos por cá casos de nepo babies em várias áreas de atividade. Filhos de ex-barões da indústria são quase sempre barões da mesma indústria, filhos de ex-políticos são demasiadas vezes políticos, filhos de ex-atores são muitas vezes atores, sim, filhos de jornalistas são muitas vezes jornalistas e os exemplos podiam multiplicar-se infinitamente. Não significa que essas pessoas não tenham qualidades, significa apenas que partiram com uma considerável vantagem em relação aos restantes. No desporto não há nepo babies. Há filhos de antigos jogadores, mas não é por isso que jogam. Francisco Conceição, que até tem dois irmãos futebolistas, não garantiu um lugar na Seleção por ter mostrado a Roberto Martínez a certidão de nascimento. Aliás, o facto de o futuro dele, seja na Seleção, seja no FC Porto, não estar assegurado é particularmente reconfortante para quem acredita na meritocracia. Só Francisco Conceição pode assegurar o futuro dele e só o poderá fazer de uma forma: jogando. Em campo, o que interessa é quem faz o passe, quem marca o golo, quem rouba a bola, quem desenha o cruzamento perfeito, quem defende o remate impossível. Talvez por isso tenham sido tão poucos os filhos de antigos internacionais a vestirem a camisola da Seleção. Só os melhores conseguem lá chegar e só os excecionais ficam. Sejam filhos de quem forem.