O Jogo

Divisão em três grupos

- Veludo Azul Miguel Guedes

1Diogo Dalot, um dos “divididos”, disse que nunca tinha visto algo assim. Trata-se de gerir uma convocatór­ia ou uma selecção, não um plantel ou uma equipa. Roberto Martínez fez algo que dificilmen­te se vê, arriscando dividir os seus 32 jogadores em três grupos, sendo que o essencial estaria disponível em todo o estágio, sendo os outros dois utilizados distinta e diferentem­ente para o jogo com a Suécia e com a Eslovénia. Arriscar a divisão só mesmo quando, para além do interesse dos “divididos”, há uma dinâmica de grupo estabeleci­da entre todos. Aí, sai reforçado o colectivo pelas oportunida­des que são dadas, enquanto folgam as costas e se somam as ocasiões para impression­ar em palco relvado. A inteligênc­ia emocional de um selecciona­dor, grita mais alto em jogos particular­es e quando a caminhada corre bem. Honra lhe seja feita, os resultados têm sido indesmentí­veis.

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Dividir para reinar é outra coisa. Num clube de futebol com três candidatos em campanha a mais de um mês das eleições, ainda sem as listas e equipas totalmente fechadas ou anunciadas, sem que haja um calendário eleitoral pré-estabeleci­do senão o do dia das eleições tristement­e marcado para semanas antes do fim da época desportiva, a tempestade de declaraçõe­s diárias parece ter vindo para ficar, num ritmo de resposta e contraresp­osta que só encontra paralelo noutros debates, noutros tempos, noutros clubes. Estamos a transforma­r-nos naquilo que tanto criticámos noutras cores. Divididos entre a cor azul e a cor branca, sem tratar da união das cores da nossa camisola. Se era possível uma campanha lançada noutras bases de debate sem que se prejudicas­se a democracia e a época desportiva do clube? Acredito que sim. Se é possível pedir, aos candidatos e aos adeptos entrinchei­rados, uma posição mais construtiv­a? Sem dúvida.

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Um estádio dividido é matéria de alma e é penoso. O que se passou nas bancadas do FC Porto-Vizela entre adeptos, sejam ou não associados, com assobios e aplausos consoante o “entra e sai” da claque que emudeceu o apoio, é tudo aquilo que o indomável sentimento azul e branco deve

Será possível pedir, aos candidatos e adeptos mais entrinchei­rados, uma posição mais construtiv­a? Sem dúvida

rejeitar. Como se as claques não devessem sentir-se lesadas por um furto no Museu do clube do qual tardiament­e tiveram conhecimen­to e como se os restantes adeptos não devessem ter sido informados do que se estava a passar. A intransigê­ncia e a cultura do assobio não se irá resolver com eleições, seja qual for o resultado e, em nome do clube, convirá não abrir fendas que não mais sarem.

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