Divisão em três grupos
1Diogo Dalot, um dos “divididos”, disse que nunca tinha visto algo assim. Trata-se de gerir uma convocatória ou uma selecção, não um plantel ou uma equipa. Roberto Martínez fez algo que dificilmente se vê, arriscando dividir os seus 32 jogadores em três grupos, sendo que o essencial estaria disponível em todo o estágio, sendo os outros dois utilizados distinta e diferentemente para o jogo com a Suécia e com a Eslovénia. Arriscar a divisão só mesmo quando, para além do interesse dos “divididos”, há uma dinâmica de grupo estabelecida entre todos. Aí, sai reforçado o colectivo pelas oportunidades que são dadas, enquanto folgam as costas e se somam as ocasiões para impressionar em palco relvado. A inteligência emocional de um seleccionador, grita mais alto em jogos particulares e quando a caminhada corre bem. Honra lhe seja feita, os resultados têm sido indesmentíveis.
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Dividir para reinar é outra coisa. Num clube de futebol com três candidatos em campanha a mais de um mês das eleições, ainda sem as listas e equipas totalmente fechadas ou anunciadas, sem que haja um calendário eleitoral pré-estabelecido senão o do dia das eleições tristemente marcado para semanas antes do fim da época desportiva, a tempestade de declarações diárias parece ter vindo para ficar, num ritmo de resposta e contraresposta que só encontra paralelo noutros debates, noutros tempos, noutros clubes. Estamos a transformar-nos naquilo que tanto criticámos noutras cores. Divididos entre a cor azul e a cor branca, sem tratar da união das cores da nossa camisola. Se era possível uma campanha lançada noutras bases de debate sem que se prejudicasse a democracia e a época desportiva do clube? Acredito que sim. Se é possível pedir, aos candidatos e aos adeptos entrincheirados, uma posição mais construtiva? Sem dúvida.
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Um estádio dividido é matéria de alma e é penoso. O que se passou nas bancadas do FC Porto-Vizela entre adeptos, sejam ou não associados, com assobios e aplausos consoante o “entra e sai” da claque que emudeceu o apoio, é tudo aquilo que o indomável sentimento azul e branco deve
Será possível pedir, aos candidatos e adeptos mais entrincheirados, uma posição mais construtiva? Sem dúvida
rejeitar. Como se as claques não devessem sentir-se lesadas por um furto no Museu do clube do qual tardiamente tiveram conhecimento e como se os restantes adeptos não devessem ter sido informados do que se estava a passar. A intransigência e a cultura do assobio não se irá resolver com eleições, seja qual for o resultado e, em nome do clube, convirá não abrir fendas que não mais sarem.