Palavras de Salvador e datas de Evandro
1Há muitos anos, não me recordo bem há quantos, ia, numa pausa do trabalho, tomar café à “Melinha”, um estabelecimento em frente ao edifício da Câmara Municipal. Na esplanada estava o Evandro que, mal me viu, chamou-me e convidou-me a sentar na sua mesa. Lá falámos. Ele estava visivelmente entusiasmado e explicou-me porquê: tinha acabado de rever as provas de um livro que iria editar sobre a história do futebol em Braga. Iria ser uma bomba, garantiu. O Braga, afinal, não havia sido fundado em 1921, mas em data anterior. Tinha provas disso e o livro iria mostrá-las. Disse-lhe que o meu pai se fartava de dizer isso, que o Braga tinha nascido antes de 1921. E lá falámos, e falámos e falámos. Sobre o SC Braga, uma paixão que nos unia, sobre a cidade e algumas das suas personagens. Só não podíamos falar de política, pois, aí, estávamos em campos opostos. O Evandro era um profundo estudioso dos assuntos que amava. E era a cidade de Braga que ele amava. As suas gentes, as suas tradições, as suas coisas boas e até as menos boas, que lhe aguçava o seu discurso
A entrevista de Salvador a este jornal deu origem a que muitos adeptos lessem nas entrelinhas
mais cáustico. O tal livro, que veio a ser publicado com o nome “A História da Bola em Braga”, como que inaugurou um género e deu início a muitos estudos, de cariz investigatório, de outros investigadores sobre o passado do SC Braga. A data da fundação do SC Braga ainda se discute: para uns é 1914, para outros é 1919 ( que é o meu caso). Mas, pelo menos desde a publicação do livro, é certo e comprovado que em 1921 já existia o SC Braga de hoje. Falta, apenas, adequar os Estatutos a este facto, o que está a ser já trabalhado. O Evandro Lopes, grande bracarense, ficará sempre ligado à história do nosso clube. E da cidade.
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A recente entrevista de Salvador a este jornal deu origem a que muitos adeptos bracarenses praticassem um dos desportos favoritos dos portugueses: ler nas entrelinhas. Ler o que está subentendido, escondido nas palavras. Uma das leituras favoritas nas redes sociais e fóruns braguistas é a que assegura que as palavras de Salvador transportam a certeza da saída de Artur Jorge no final da época. Essa será fácil de comprovar (ou não), daqui a uns meses. Já quanto à leitura que antevê a substituição, nos próximos tempos, de Salvador por alguém do QSI…, bem, essa dava um livro.