Pensar o futuro
Há uns anos, o então presidente do Benfica, Vieira, anunciou uma operação de aquisição de acções da SAD a privados a um preço acima do normal. A comunicação social levantou a lebre, o “povo” exigiu explicações, a justiça intrometeu-se e a operação foi por água abaixo sem se saber o racional e objetivos da mesma. Sabia-se que a SAD tinha um acordo para vender as ações adquiridas, até ao limite de controle permitido nos estatutos, ao americano John Textor, que, diretamente e através da sua empresa Eagle Football Holdings, passaria a ser não só acionista mas a ter intervenção ativa no futebol profissional do Benfica, com voz na gestão económicofinanceira e desportiva. Vieira devia ter salientado a importância e o que se poderia alcançar com a ligação a Textor, em particular no potencial de expansão mundial da marca Benfica. O tempo passou e o americano, peça a peça, isto é, clube a clube, foi erguendo um grupo internacional. É dono ou tem participações em: Botafogo do Rio de Janeiro (com trabalho notável), Lyon em França, Crystal Palace britânico e Molenbeek da Bélgica, sendo que os clubes brasileiro e belga foram adquiridos na II Divisão e subiram ao 1º escalão. O que Textor está a fazer não é inédito, pois Manchester City (Football Group), Red Bull, sauditas do United World; Qatar Sports Investment (PSG e Braga), Redbird Capital (Milan e Toulouse); detentores do Nottingham Forest (e do Olympiacos) ou do Aston Villa (com V. Guimarães) são exemplos do que se faz pelo mundo: multinacionais de futebol profissional com clubes de vários países, um é o de bandeira e os restantes de apoio em pirâmide (com milhares de praticantes) ao cume onde só chegam os melhores. Em Portugal, só Porto, Benfica e Sporting têm potencial de clubes de bandeira. Se o Benfica perdeu a chance de inovar e se expandir com Textor, os 3 “grandes” devem pensar bem o futuro, pois as dificuldades de sucesso nas competições europeias são elevada e a tendência será piorar. Devem encontrar as parcerias (onde sejam fundamentais), com visão, pulmão financeiro, contactos ao mais alto nível e intenção de marcar presença em todos os continentes. Como seria com Textor e pode ser com capitais árabes. Devem enveredar por operação do capital da SAD tipo harmónio, com concentração de valores acionistas seguido de aumento de capital para valores da ordem dos 500 M€. Apostem na formação, na educação, na marca, nas interações e aí poderão voltar a ser competitivos. E a dar lucro!