O Jogo

Dividir para reinar cria reinos divididos

- Jorge Maia

Éincrível a quantidade de futebol que pode caber num fim de semana em que os campeonato­s estão parados. Ontem, por exemplo, foi dia de lendas. As do FC Porto e do Real Madrid, que se defrontara­m no Santiago Bernabéu por uma causa maior, devolvendo aos relvados ídolos como Baía, Casillas, Costinha, Figo, Zidane, Seedorf ou Butragueño entre dezenas de nomes que fizeram sonhar os adeptos dos dois clubes. Mais tarde, as de Liverpool e Ajax, unidas na homenagem a Sven-Goran Eriksson, que cumpriu o sonho de treinar os “reds” antes de receber uma última vénia de Anfield e do futebol em vida, como é justo que aconteça com as lendas. Nas verdade, não foram dois grandes jogos, não há grandes análises táticas que permitam decifrá-los e os resultados finais foram, ao contrário do que é costume, o menos importante. Mas nem por isso deixaram de ser dois jogos enormes, desde logo no que significar­am em termos de respeito pela memória coletiva de cada clube, de cada protagonis­ta e do futebol em geral. Ora, é esse mesmo respeito que começa a resvalar na campanha para a presidênci­a do FC Porto e que não faz justiça às inúmeras lendas do clube, nem às vivas, nem às que vivem na memória dos adeptos. A cerca de um mês das eleições, os portistas ganhariam mais em saber exatamente o que distingue os programas dos candidatos, de que forma se propõem recuperar financeira e desportiva­mente o clube e quem os acompanhar­á nessa tarefa do que com a redução do discurso ao mínimo denominado­r comum da polémica e da intriga. Dividir até pode servir para reinar, mas um reino dividido é sempre presa fácil para adversário­s unidos. Talvez, para além de como ganharem as eleições, os candidatos precisem de começar a pensar que clube terão nas mãos a partir de 27 de abril: o FC Porto que é uma nação, ou uma nação dividida em tribos.

Sobra a questão sobre que clube existirá a partir do dia 27 de abril: o FC Porto que é uma nação ou uma nação dividida em tribos?

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