Vender bem também depende a quem
CNão temos condições para manter os melhores jogadores até à sua consolidação
om o campeonato a entrar na reta final, já se começam a ouvir os “ruídos” de eventuais transferências de jogadores. Os melhores já se revelaram e, infelizmente, o campeonato português continua sem capacidade para reter os que se diferenciam. Somos um campeonato de revelação, mas longe de sermos um campeonato de consagração. Não temos condições para manter os melhores até à sua consolidação. Não são apenas condições financeiras, são também, e sobretudo, condições de visibilidade, de alavancagem dos próprios jogadores.
Pela dimensão do mercado onde está integrado, o campeonato português só conseguirá segurar os talentos quando os clubes tiverem ambição internacional, quando olharem para as competições da UEFA como uma oportunidade, ao invés de as encararem como um problema.
É um tema que revisito com frequência e continuarei a fazê-lo, porque vale a pena insistir até dar outra dimensão ao futebol português.
A venda dos direitos desportivos, vulgo passes, é já entendida como inevitável, tanto assim é que muitos clubes já consideram as receitas destas transações como ordinárias, quando deveriam ser sempre entendidas como extraordinárias. As contas dos clubes já contam com elas e, se fizermos uma análise mais analítica às contas das SAD, verificamos que as receitas extraordinárias são necessárias para, em muitos casos, pagar despesas ordinárias. O que não deveria acontecer. Mas, a realidade impõe-se e no final da época assistiremos à saída dos melhores. Se é para vender, que se venda bem, mas, para além do valor, também importa a quem.
Um clube ganha se os seus jogadores continuarem a evoluir, será visto internacionalmente como uma grande escola de futebol, exemplo maior desta premissa é Cristiano Ronaldo e a escola do Sporting. A Academia ganhou projeção internacional por ter gerado duas “bolas de ouro”, Luís Figo e Cristiano Ronaldo. Cristiano saiu particularmente cedo, com 18 anos, mas saiu para um grande clube, para o Manchester United, uma grande escola e um grande campeonato. Foi, também por isso, que Cristiano se tornou no melhor do mundo.
Quando lemos notícias, já começaram a aparecer clubes de segunda linha a pretenderem ficar com os nossos melhores, e não podemos deixar de sentir um tremendo desagrado. Vamos acreditar que os clubes que vendem, além de saberem vender, também saberão escolher.