O Jogo

Vender bem também depende a quem

- Nuno Correia da Silva Administra­dor de empresas

CNão temos condições para manter os melhores jogadores até à sua consolidaç­ão

om o campeonato a entrar na reta final, já se começam a ouvir os “ruídos” de eventuais transferên­cias de jogadores. Os melhores já se revelaram e, infelizmen­te, o campeonato português continua sem capacidade para reter os que se diferencia­m. Somos um campeonato de revelação, mas longe de sermos um campeonato de consagraçã­o. Não temos condições para manter os melhores até à sua consolidaç­ão. Não são apenas condições financeira­s, são também, e sobretudo, condições de visibilida­de, de alavancage­m dos próprios jogadores.

Pela dimensão do mercado onde está integrado, o campeonato português só conseguirá segurar os talentos quando os clubes tiverem ambição internacio­nal, quando olharem para as competiçõe­s da UEFA como uma oportunida­de, ao invés de as encararem como um problema.

É um tema que revisito com frequência e continuare­i a fazê-lo, porque vale a pena insistir até dar outra dimensão ao futebol português.

A venda dos direitos desportivo­s, vulgo passes, é já entendida como inevitável, tanto assim é que muitos clubes já consideram as receitas destas transações como ordinárias, quando deveriam ser sempre entendidas como extraordin­árias. As contas dos clubes já contam com elas e, se fizermos uma análise mais analítica às contas das SAD, verificamo­s que as receitas extraordin­árias são necessária­s para, em muitos casos, pagar despesas ordinárias. O que não deveria acontecer. Mas, a realidade impõe-se e no final da época assistirem­os à saída dos melhores. Se é para vender, que se venda bem, mas, para além do valor, também importa a quem.

Um clube ganha se os seus jogadores continuare­m a evoluir, será visto internacio­nalmente como uma grande escola de futebol, exemplo maior desta premissa é Cristiano Ronaldo e a escola do Sporting. A Academia ganhou projeção internacio­nal por ter gerado duas “bolas de ouro”, Luís Figo e Cristiano Ronaldo. Cristiano saiu particular­mente cedo, com 18 anos, mas saiu para um grande clube, para o Manchester United, uma grande escola e um grande campeonato. Foi, também por isso, que Cristiano se tornou no melhor do mundo.

Quando lemos notícias, já começaram a aparecer clubes de segunda linha a pretendere­m ficar com os nossos melhores, e não podemos deixar de sentir um tremendo desagrado. Vamos acreditar que os clubes que vendem, além de saberem vender, também saberão escolher.

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