Se há momentos bons para perder...
Na perspetiva dos adeptos, a derrota de Portugal na Eslovénia foi o fim do período de encantamento. Para o selecionador, ainda bem que chegou, assim ficam todos de sobreviso, desde logo os jogadores.
“Temos de olhar para a perfeição e temos de a procurar. Ela está em manter a baliza a zeros”, dissera Roberto Martínez na antevisão à partida com a Eslovénia. Depois, no campo, nem perfeição, nem baliza a zeros! Pelo contrário, viu-se uma seleção portuguesa pouco dinâmica e muito pouco perigosa no ataque, além de bastante permeável e desatenta defensivamente. Seria fácil brincar com as palavras e dizer, por exemplo, que este poderia ser o passo atrás que permitirá dar dois em frente na Alemanha, na fase final do Europeu, mas o que faltou, na realidade, foi dar passos à retaguarda, designadamente para travar os avançados eslovenos, esses sim, que constituíram um exame ao processo defensivo luso – mais do que a Suécia. E a nota foi negativa. Para sermos justos, porém, e evitar cair na tentação de crucificações antecipadas, há que dar o benefício da dúvida ao selecionador de Portugal. Porque é mesmo esta a altura para fazer experiências, sofrer dissabores e, com eles, regressar à terra, de preferência reaprendendo a colocar o talento da Seleção Nacional ao serviço do coletivo “para marcar golos”, como bem alertara Martínez.
Assumindo que a coluna do “deve” no bloco de notas do espanhol terá ficado bastante mais preenchida do que a do “haver”, não é exagero supor que no lado positivo do balanço de ontem ficou apontada mais uma boa interpretação de Diogo Costa no papel de líbero e a defender o que era possível e a chegada à seleção principal da irreverência e aceleração no jogo que Francisco Conceição tem mostrado no campeonato.
Nenhum treinador acredita em momentos bons para perder, mas que eles existem...