O Jogo

“Um orgulho ter jogado toda a vida no Athletic”

Julen Guerrero, jogador prodígio da década de 90 no clube de Bilbau e na seleção espanhola, foi várias vezes apontado aos “grandes”... mas foi sempre fiel aos leões bascos

- PEDRO CADIMA

Antigo médio, hoje com 50 anos, está encantado com a época da equipa de San Mamés, a lutar pela Champions e na final da Taça do Rei, a disputar no próximo sábado em Sevilha, com o Maiorca.

●●● Julen Guerrero é elementar da história do Athletic. Um destacado virtuosism­o somado à extraordin­ária dedicação aos leões bascos, transformo­u-o em pedra angular do cresciment­o e pujança daquele emblema na década de 90. O antigo médio oferecia o toque refinado a uma equipa brava e aguerrida. Os pés de veludo desenhavam invariávei­s caminhos para o golo e, na rua, era celebridad­e para o mulherio. Com 389 jogos e 106 golos foi um dos craques do Athletic que mais pediu chamadas da seleção, acabando com 41 internacio­nalizações e presenças em dois Mundiais e um Europeu. Após um trabalho recente nos sub-17 de La Roja, que deixou há nove meses, Guerrero segue fiel ao seu Athletic com a devoção notável que caracteriz­a qualquer um que vista aquela camisola, por norma, na pele de gente indomável. Um emblema que é um escudo para a vida, onde o orgulho de jogar em San Mamés supera a falta de títulos, mesmo pertencend­o a uma geração que lutou pelas primeiras posições. “Estou muito orgulhoso do que pude alcançar com o Athletic, o clube da minha vida, no qual entrei com apenas oito anos. Sempre estive ali, até me retirar. É amplamente bonito teres a oportunida­de de ajudar o clube da tua terra. Era ainda uma responsabi­lidade, pois este é um clube que se sente de forma diferente”, frisou Guerrero, nascido em Portugalet­e e crescendo com a última geração dominante no futebol espanhol, bicampeã nacional em 1982/83 e 1983/84, com Zubizarret­a, Goikoetxea, Dani, Manu Sarabia ou Julio Salinas, treinada pelo ainda jovem Javier Clemente. Guerrero capitaneou depois essa vontade do Athletic voltar a mandar nos noventas, mas sem o desejado retorno.

“Era um dos objetivos, sem dúvida! Conseguimo­s ser campeões e vencedores da Taça em juvenis e sub-campeões espanhóis em 1998, na altura do centenário­doclube.Faltou-me ganhar um título, seria a maior dádiva do sentimento pelo clube e de orgulho pelos anos lá passados”, justificou o antigo criativo.

“Um grande momento, a presença na final da Taça”

Guerrero está consciente que o Athletic joga esta época por uma das melhores classifica­ções dos últimos anos, esgrimindo­atéargumen­tosporuma presençana­Champions,lutando, de momento, com o Atlético de Madrid, sem que tenha desvirtuad­o valores neste processo, mesmo na ditadura do futebol moderno. “Está a lutar pela Champions, a passar um grande momento com a presença na final da Taça e tem de lutar e dar tudo pelo quarto lugar. Se não atingir essa meta, terá um plantel capaz de o conseguir na próxima época. O clube nunca mudará de filosofia, continuaco­mjogadores­formados no País Basco, mas isso não significa que não se modernize e também evolua em diferentes aspetos que rodeiam o futebol”, certifica Julen, esperando festejar a conquista de um troféu que foge desde 1983/84, quando o Athletic fez dobradinha em Espanha. E já no sábado, frente ao Maiorca, discute a final da Taça do Rei com o Maiorca.

Sobre a ligação que manteve com o clube, nunca aceitando sair, mesmo com os grandes de Espanha a curvarem-se peranteose­utalento,oantigoméd­io é taxativo. “Nasci e cresci no clube desde os oito anos. Só posso sentir orgulho de ter jogado toda a minha vida no Athletic e só tive esse pensamento ao longo dos anos”, garante, fascinado com o sucesso no banco do seu antigo companheir­o, Ernesto Valverde. “Conhece perfeitame­nte o clube em todos os aspetos e sabe o que o Athletic necessita em cada momento. Tem dado oportunida­des aos jovens e isso tem sido fundamenta­l para o clube evoluir e ganhar competitiv­idade de ano para ano”, revela, elogiando Muniain, muitas vezes comparado a Guerrero pela dedicação e magia: “Foi e é um grande jogador, sempre ao serviço da equipa e dos treinadore­s. Tem uma trajetória magnífica e, esta época,mesmojogan­domenos, tem um comportame­nto notável a ajudar a equipa”.

“O clube continua com jogadores do País Basco e nunca mudará a filosofia” Julen Guerrero Ex-jogador do Athletic Bilbau

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