“NINGUÉM ACREDITAVA EM MIM”
MICHAELY BIHINA Tem 20 anos, é internacional pelos Camarões e uma das figuras do Racing Power e da Liga BPI esta época
Dona e senhora da baliza do emblema do Seixal, a camaronesa é a guardaredes com mais “clean sheets” desta edição da Liga BPI, registando apenas 15 golos sofridos em 25 jogos disputados.
Michaely Bihina desponta como uma das guardiãs mais promissoras do futebol mundial. Com apenas 20 anos, a internacional camaronesa tem-se evidenciado como figura de proa do Racing Power, clube que luta por uma vaga na Liga dos Campeões. Com um impressionante registo de 11 jogos sem sofrer golos esta época (Lena Pauels tem dez e Hannah Seabert tem sete), Michaely está a confirmar o rótulo de promessa nas balizas, embora recuse que o sucesso já está garantido. Em vez disso, compromete-se a dedicarse ao trabalho, com o objetivo de consolidar um lugar entre as melhores.
Quem é a Michaely Bihina?
—Sou conhecida por ter um forte espírito competitivo. No início do meu percurso no futebol tive algumas dificuldades porque ninguém acreditava em mim. Foi desde muito nova que comecei a jogar com rapazes. Fortaleci rapidamente a paixão pelo desporto e reparei que tinha jeito. Foi apenas quando fui pré-selecionada pela primeira vez para a seleção sub-17 dos Camarões que recebi o apoio e encorajamento da minha família e de todos à minha volta.
Como foi o caminho até chegar à Europa?
—Joguei no Éclair de Saa, dos Camarões, e integrei a primeira divisão numa fase precoce da minha carreira. Eu tinha algum talento e comecei a destacar-me. Em 2021 recebi o convite do Racing Power através do meu agente. Porquê Portugal e o Racing Power? —Escolhi o Racing Power porque foi o clube que me abriu as portas para o futebol europeu e as pessoas apresentaram-me um projeto muito ambicioso. Também tinha a noção de que a Liga BPI apresentava progressos consideráveis e estava a tornar-se num campeonato muito atrativo para as jogadoras.
Esta época, a Michaely tem sobressaído como uma das melhores jogadoras da Liga BPI e é a guarda-redes com mais jogos sem sofrer golos, ultrapassando Lena Pauels, do Benfica, e Hannah Seabert, do Sporting. Como se sente ao alcançar este feito?
—Sou uma pessoa simples e sem complexos, mas muito exigente e concentrada. O sucesso está no trabalho e na mentalidade. Penso sempre que vou dar o meu melhor em campo. São estes pilares que me permitem manter o foco e que me têm permitido atingir um desempenho sólido. Sei onde quero chegar e quero estar entre as melhores desta época.
Tem algum ritual antes de entrar em campo?
—Antes de entrar no relvado, faço uma oração para entregar o jogo nas mãos de Deus e expresso-lhe toda a minha gratidão por tudo o que me está a acontecer.
O que a distingue das outras guarda-redes?
—Desde que cheguei ao Racing Power, tenho sentido uma evolução constante. Tornei-me muito mais ativa no jogo, melhorei as minhas saídas com bola e o meu jogo aéreo. Sinto-me cada vez mais confiante e sei que tenho contribuído para o bom momento da equipa, que também se destaca por ter uma das defesas menos batidas da Liga BPI.
O Racing Power encontrase no quarto lugar da Liga BPI, com a perspetiva de se qualificar para a Liga dos
Campeões, e está nas meias-finais da Taça de Portugal. O que esperam alcançar?
—Embora sejamos uma equipa nova na Liga BPI, temos mantido um ritmo consistente e estamos a crescer semanalmente. Os objetivos do Racing Power não se resumem à conquista de troféus. Neste momento, pretendemos alcançar o máximo possível até ao final da época, tanto em termos de desempenho em campo como em termos de progresso enquanto equipa e clube.
Durante a temporada temos visto um Racing Power muito unido e
“No início do meu percurso no futebol tive algumas dificuldades porque ninguém acreditava em mim”
extremamente compacto. Qual é o segredo para esta época de sucesso?
—O nosso grupo. Apesar da diversidade linguística que há no plantel, conseguimos cultivar uma união muito forte dentro do grupo. O ambiente é bastante positivo e há respeito pelos valores e culturas presentes, o que torna tudo mais fácil.
Por último, quais são as metas da Michaely no futebol?
—Quero ser reconhecida como uma das melhores guarda-redes do mundo, jogar nas maiores competições e ganhar títulos, coletivos e individuais.