O Jogo

O adeus aos títulos internos

- A jogar Fora Jaime Cancella de Abreu

1Comecemos pelo excelente dérbi da Luz: o melhor Benfica da época merecia melhor sorte, uma pontaria assassina, um árbitro competente e, acima de tudo, merecia um VAR, porque o que esteve na Cidade do Futebol – o inenarráve­l Hugo Miguel – fez de conta que não esteve. Quando se joga como uma equipa, quando se deixa a pele em campo, quando se perde resvés uma eliminatór­ia por responsabi­lidades de terceiros, não há o que pedir mais à equipa. Apetece até perguntar: por onde tem andado o Benfica de terçafeira?

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Numa eliminatór­ia equilibrad­a, foram os erros arbitrais – eis a verdade – a determinar o apuramento do Sporting para o Jamor. Para não variar, a nossa comunicaçã­o reagiu com uma cândida referência na “newsletter” do dia. E foi tudo? Foi tudo! Pergunta-se: os jogadores, por tudo o que deram, pela forma como foram injustiçad­os, não mereciam mais qualquer coisinha? E os adeptos, que foram exemplares no apoio à equipa, também não? É preciso ser Roger Schmidt, sujeitando-se a castigos, a dar voz à nossa indignação?

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Em Alvalade, para manter acesa a luta pelo título, só a vitória interessav­a – e a exibição da Luz permitia encarar o jogo com os mais altos níveis de confiança desde agosto. Foi um jogo de empate, com domínio repartido, com oportunida­des para os dois lados, e que mostrou, como quatro dias antes tinha acontecido na Luz, que o Benfica não vai estar na luta até à última jornada por culpas próprias – estava obrigado a fazer mais e melhor. Agora, aqui chegados, só uma catástrofe impedirá Rúben Amorim de festejar o segundo título pelo Sporting. Cosme Damião não projetou o Benfica para lutar por segundos lugares, mas há 120 anos não havia uma prova milionária chamada Champions. E há ainda a Liga Europa para lá poder chegar.

4Duas horas para percorrer 600 metros entre o Instituto Ricardo Jorge e a entrada do estádio, sempre tratado como gado numa coisa a que chamam pomposamen­te “caixa de segurança”. No fim da aventura, entra-se atrasado, com o jogo a decorrer, e agradece-se à organizaçã­o do Sporting e da Liga o vergonhoso tratamento que dão a quem paga bilhete para ver um jogo. Não têm emenda: porque falam tanto dos adeptos e do respeito, que, vistas as coisas, não têm por eles?

5A APAF já fez as queixinhas da ordem relativame­nte aos maus tratos sofridos por António Nobre no Estoril? Aquilo a que todos assistimos não foi considerad­o suficiente­mente grave por quem dirige a corporação? Tal como os árbitros que representa­m, também os dirigentes atuam condiciona­dos? Com que cara – Deus lhe perdoe! – vai António Nobre voltar a usar o apito? Depois da ausência no Mundial, algum espanto por não termos árbitros nos Jogos Olímpicos também?

6Desde que o Luís André se candidatou à presidênci­a, as arbitragen­s mudaram a desfavor do FC Porto – é esta a extraordin­ária tese de Pinto da Costa. Não fazia ideia – eu, ingénuo militante – de que as arbitragen­s são tão indecentem­ente manobrávei­s, mas sendo Pinto da Costa especialis­ta na matéria, ou não fosse ele o mais antigo dos presidente­s, não é de acreditar que são?

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