O Jogo

DRAGÃO ENTRE O DESESPERO E A TEIA DE PACHECO

BLOQUEIO FC Porto acabou com dez e sofreu a segunda derrota seguida na I Liga. V. Guimarães aproveitou falta de imaginação anfitriã para ficar a dois pontos do pódio

- Textos FRANCISCO SEBE

Irreverênc­ia do regressado Francisco Conceição não foi suficiente para dinamitar um visitante fiel ao plano desenhado. Pepe foi expulso aos 69’, deixando a equipa exclusivam­ente dependente do coração.

Se a derrota da semana ●●●

passada, no Estoril, já tinha convertido a Liga dos Campeões numa miragem para o FC Porto, ontem, o V. Guimarães colocou uma pedra sobre o assunto. A equipa de Álvaro Pacheco foi à Invicta vencer por 2-1, vingou o desaire de quarta-feira e deixou Sérgio Conceição com mais um problema à perna num campeonato para esquecer no reino azul, mais pálido do que outra coisa por estes dias. É que, agora, há mais uma sombra a pairar sobre o terceiro lugar: o conjunto de Álvaro Pacheco, que, com o triunfo de ontem, colou-se ao rival Braga para fi

car a apenas dois pontos do pódio, fechado por um dragão pouco imaginativ­o e em crise de identidade.

Em relação ao embate da Taça, Sérgio fez voltar Diogo Costa e Francisco Conceição ao onze após castigo, rendendo, ainda, os suspensos Otávio e Evanilson por Fábio Cardoso e Namaso. Do lado vitoriano, não houve transtorno em assumir postura mais cínica, com um 3x5x2 de miolo reforçado e apostar nos raides de Jota Silva e da novidade Kaio César. O FC Porto começou com as linhas subidas, em busca da imprevisib­ilidade de Chico, mas o Vitória susteve a pressão inicial para, depois, acercar-se da área dos da casa.

Aos 12’, a infelicida­de de Galeno, traduzida em autogolo, foi a sorte visitante. O FC Porto não alterou a matriz, mas começou a denotar problemas para penetrar no último terço, órfão de criativida­de para desmontar a teia adversária. Pacheco tinha o jogo como queria e Jota aproveitou a apatia portista para dilatar o marcador, em demonstraç­ão de pura letalidade no ataque ao espaço. O internacio­nal português recebeu o passe de Tiago Silva, viu Pepe no retrovisor e bateu Diogo Costa, que ainda negou o 0-3 minutos depois.

Nas bancadas, os assobios intensific­aram-se, mas foram acalmados por um balão de oxigénio aos 44’. Pepê “inventou” um passe para Namaso, que deu rapidament­e para a redenção de Galeno. Na cara de Bruno Varela, o internacio­nal brasileiro não tremeu.

O golo que fechou o primeiro tempo deixava antever um FC Porto afoito no reatamento. Sérgio Conceição trocou Fábio Cardoso – andou à deriva – por Zé Pedro e Álvaro Pacheco fez o mesmo com Afonso Freitas (amarelado) e Tomás Händel, lançando Mangas e Tomás Ribeiro. A expectativ­a, no entanto, não se confirmou e o técnico portista voltou a mexer aos 56’, fazendo entrar Iván Jaime e João Mário. Apesar de sinais pontuais de melhoria, faltou sempre maior objetivida­de e acerto no ataque à baliza vimaranens­e. Já com Taremi de volta à ação, a tarefa ficou ainda mais complicada perante a expulsão de Pepe. O FC Porto não se encolheu, pelo contrário, mas abordou a reta final do encontro com o botão do desespero ligado. Resultado: a frieza roçou valores nulos e o V. Guimarães, competente e fiel ao plano alinhavado, só passou por um par de calafrios. Toni Martínez foi a derradeira cartada azul e branca, sem efeito.

Confirmada a sexta derrota na I Liga 2023/24, o FC Porto enfrenta as últimas seis jornadas com um grave problema de motivação, mas não só. As preocupaçõ­es maiores passaram a morar no Minho e, do lado do Vitória, há margem para sonhar. Ontem, houve prova disso mesmo.

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Kaio César e Fábio Cardoso viveram noites distintas
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