O Jogo

Novo Governo – Novas expectativ­as

- Nuno Correia da Silva Administra­dor de empresas

OXXIV Governo apresentou-se com vontade de “descomplic­ar”. Descomplic­ar processos, simplifica­r métodos, agilizar as relações entre particular­es e a administra­ção pública. São, por isso, legítimas as expectativ­as que no desporto, em tudo o que o envolve, desde acesso a programas de apoio à construção de infraestru­turas, à regulament­ação de cada actividade, passando pelos processos de financiame­nto, também chegue essa aragem, esse ímpeto “descomplic­ador”. Descomplic­ador que é especialme­nte necessário e desejado nas múltiplas regras que se impõem sobre as fontes de receita. No futebol, em particular, a diferença entre as fontes de financiame­nto dos clubes portuguese­s face a outros clubes europeus, com especial enfoque nos clubes britânicos, é abissal.

Podemos dizer que, em matéria de fontes de financiame­nto, o futebol português está no paleolític­o financeiro. A maioria dos clubes portuguese­s apresenta passivos financeiro­s de muitas centenas de milhares de euros. Quando ouvimos falar de “perdões de dívida” de bancos a clubes, ouvimos os responsáve­is dos clubes a vangloriar­em-se de terem feito uma grande negociação, mas na verdade, está a trocar o futuro pelo presente.

Que as boas práticas internacio­nais sirvam de guia e de exemplo ao Governo que agora inicia funções

As dívidas não honradas à banca colocam a banca fora de futuras operações de financiame­nto. Por isso é preciso agilizar a legislação, por forma a permitir novas e mais arrojadas vias de financiame­nto. No ordenament­o britânico os clubes podem financiar-se por múltiplas vias, vias disruptiva­s, das quais são exemplo: O financiame­nto sobre receitas futuras de bilheteira, onde é criada uma conta “escrow”, conta que serve de colateral ao financiame­nto e onde são obrigatori­amente depositada­s as receitas, Financiame­nto sobre direitos desportivo­s futuros, Financiame­nto através de fundos de dívida. São alternativ­as que a legislação britânica permite e proporcion­am prazos mais longos, taxas mais baixas, com um serviço de dívida mais leve.

Que as boas práticas internacio­nais sirvam de guia e de exemplo ao Governo que agora inicia funções.

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