O Jogo

O fim ou o início de um ciclo?

- Nuno Correia da Silva

Na memória da maioria dos portuguese­s, o FC Porto e o presidente Pinto da Costa confundem-se. Foram 42 anos de liderança intensa, com uma marca muito forte em toda a dimensão do clube, desde os títulos que conquistou ao posicionam­ento que alcançou, seja a nível nacional ou internacio­nal.

Por isso, poucos imaginaria­m, onde me incluo, um resultado tão expressivo para o novo presidente, André Villas-Boas. Era difícil acreditar que o “adepto” iria ceder ao “sócio”. Sim, parecem a mesma realidade, mas são diferentes. O sócio está na dimensão racional, avalia, compara, julga e decide. O adepto é feito de emoção, a adrenalina das cores da camisola não deixa espaço para mais nada. É a paixão no seu estado mais puro, nada tem a ver com a razão e dispensa qualquer explicação.

O adepto, por todo o acervo que o FC

Porto conquistou nos últimos 42 anos, nunca abandonou o presidente Pinto da Costa, foi evidente nas manifestaç­ões de carinho durante o jogo entre o Porto e o Sporting, mas quem votou foi o sócio. O sócio que não esquece o passado, mas que quis pensar no futuro. Desejou, a mudança, percebeu que a indústria do futebol é, no tempo presente, muito complexa e requer muito mais do que paixão. Não a pode dispensar, mas tem de a colocar no lugar certo e o lugar certo é durante o jogo, no confronto, no embate com adversário.

Terminado o jogo, é tempo de dar lugar à razão, de seguir as tendências e liderar a mudança. É tempo de o adepto dar lugar ao sócio, foi o que sucedeu nas eleições do FC Porto no passado sábado.

O novo presidente assume uma grande responsabi­lidade, um desafio ambivalent­e, por um lado terá de ser capaz de ultrapassa­r a difícil situação financeira e, por outro lado, não poderá deixar de honrar o legado de títulos que recebe. Será, com certeza, um novo ciclo que merece ser seguido com a maior atenção.

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