Saco Azul cheio de “deduções”
Acusação pede pronúncia dos arguidos, mas concorda com a defesa sobre a ausência de provas
Acusados de vários crimes de fraude fiscal e falsificação de documentos, Benfica Estádio e SAD, Luís Filipe Vieira, Soares de Oliveira e Miguel Moreira conhecem decisão de ida a julgamento a 11 de junho.
●●● Arrancou ontem noCam pus
da Justiça, em Lisboa, ode bateinstrutór iodo processo conhecido por“Saco Azul ”, que remonta a 2017, que inclui suspeitas de alegada utilização fraudulenta de verbas ligadas ao Benfica para pagamento a terceiros, no valor total de cerca de 2,2 milhões de euros faturados à Benfica SAD e Benfica Estádio. O Ministério Público pede a ida a julgamento de todos os acusados, por considerar provados, ainda que por dedução, todos os indícios, algo que a defesa rebate, alegando ausência de provas. A leitura da decisão instrutória está marcada para o dia 11 de junho.
Além das sociedades encarnadas, estão também acusados de crimes de fraude fiscal e falsificação de documentos o expresidente das águias Luís Filipe Vieira, o ex-administrador Domingos Soares de Oliveira e o ex-diretor jurídico Miguel Moreira, além do proprietário da empresa QuestãoFlexível, José Bernardes, todos visados pelo procurador Hélder Branco dos Santos, salientando que a questão essencial é “perceber se os serviços que foram faturados pela QuestãoFlexível foram, ou não, realizados”, acusando serem “fictícios” esses serviços.
“O Ministério Público entende que há indícios suficientes de que os serviços não foram prestados e, não o sendo, não tem sentido pagá-los. Se foram pagos, só tem sentido havendo retorno de dinheiro para o Grupo Benfica.Éo raciocínio lógico. De facto, não temos prova direta disso, mas é uma dedução, pois só pode ter sido assim. Para haver acusação, não preciso de ter prova certa e absoluta, basta apenas ter um raciocínio dedutivo”, apontou o procurador.
“No processo, já estava há muito tempo assumido que não havia nenhum saco azul. O que é lamentável é o senhor procurador, embora admita que não encontrou provas de nada, continuar a falar em saco azul. É clarinho que não há nenhuma prova. É confessado e admitido por Polícia Judiciária e Ministério Público. É importante que se deixe de chamar o processo de ‘Saco Azul’, pois não tem objeto há muito tempo”, afirmou Rui Patrício, um dos advogados de defesa do Benfica, à saída.