“QUEREMOS QUE O FCF CONTRIBUA PARA UMA FORMAÇÃO DIFERENTE”
NO ANO EM QUE SE CELEBRA O 90.º ANIVERSÁRIO DO FUTEBOL CLUBE DA FOZ, O PRESIDENTE EDUARDO AVIDES MOREIRA FAZ UMA RETROSPETIVA DO TRABALHO E APONTA PARA O FUTURO, QUE SE QUER COM UM CAMPO DE TREINOS PRÓPRIO E UM AUTOCARRO.
Fale-nos do desafio que é ser Presidente do Futebol Clube da Foz (FCF).
Tornei-me sócio em 1992 e sempre fui apoiante do clube da minha freguesia. Em 2005, tornei-me vice-presidente, posição que ocupei durante quatro anos, respondendo a um desafio que me foi lançado por um grande amigo, António Miguel Cardoso, que assumiu a presidência. Em 2019, um grande “Fozeiro” e também excelente amigo, Adelino Sá, convenceu-me a apresentar uma lista. Sinceramente não estava nos meus planos, mas felizmente aceitei. O desafio é grande pois tenho de coordenar com a vida familiar e ainda as atividades profissionais.
Este ano o clube comemora 90 anos. De que forma vai ser assinalada a data?
Com a realização de um jantar de aniversário com os nossos sócios. Há dois presentes que queremos dar ao clube: um campo de treinos e um autocarro que nos permita uma melhor deslocação do futebol sénior e formação.
No Futebol Clube da Foz mais do que bons atletas, pretendem formar bons seres humanos. Quais são os valores que defendem?
Queremos aliar a formação desportiva à do ser humano. Preocupamo-nos com os comportamentos atuais. Queremos, no que conseguirmos, melhorar aquilo a que assistimos tanto nos estádios como nas televisões. Insultos entre pares, a árbitros, falta de “fair-play”. Gostaríamos de contribuir para uma formação diferente, até porque tudo começa nas crianças.
No que toca a investimentos, quais os que estão previstos concluir até ao final de 2024?
Queremos festejar estes 90 anos da melhor forma e nada melhor do que contribuir para o desenvolvimento do FCF. Há dois importantes investimentos. Ao fim de muitos anos conseguimos autorização para construir um campo de futebol de sete e está mesmo na reta final. Outra boa notícia é a de que está em curso a aquisição de um autocarro com 30 lugares já para o segundo semestre.
Apoios ao clube. Têm existido e da parte de quem?
Felizmente têm existido, seja por parte de sócios e simpatizantes, do Município do Porto/Ágora Cultura e Desporto, da União de Freguesias e ainda por parte da Associação de Futebol do Porto.
Que objetivos futuros tem para o clube?
Que num horizonte de cinco anos o FCF possa ter um complexo desportivo com as medidas oficiais, com uma bancada e dois campos de treino, que o futebol sénior continue a ser competitivo tal como no ano passado, onde conquistámos a Taça da Associação de Futebol do Porto, continuar a formar as crianças enquanto bons desportistas e seres humanos. Queremos, ainda, apostar no futebol feminino e no projeto “Jogamos Todos”, que é um Plano de Desenvolvimento da Iniciativa para a Inovação e Empreendedorismo Social destinado a pessoas com deficiências físicas. Há ainda o “Walking Football”, uma nova abordagem e que queremos ser pioneiros.
Quem é o Eduardo Avides Moreira?
Sou um felizardo. Mas também alguém que se esforça por ser bom ser humano, filho,
“Ao fim de muitos anos conseguimos autorização para construir um campo de futebol de sete e está mesmo na reta final”
irmão, marido, pai, amigo e profissional. Só que, como se costuma dizer, a sorte dá muito trabalho e sempre fui orientando a minha vida no sentido de ser a cada dia mais e melhor.
Qual foi o seu percurso académico?
Digamos que foi um caminho atípico. Aos 18 anos já trabalhava e quando entrei na faculdade mantive as duas ocupações. Licenciei-me em Administração de Empresas na Universidade Católica Portuguesa.
E profissional?
Comecei por dar aulas de ténis no LTC da Foz em 1993. Foi uma experiência fantástica trabalhar com crianças. Um ano mais tarde lançaram-me um desafio, posso dizer que o maior da minha vida, e entrei no Grupo CPC-Companhia Portuguesa de Computadores.
Tem 30 anos de carreira. Quais os marcos que merecem particular destaque?
Bom, o ano 1994 destaca-se pela entrada no Grupo CPC. Em 2002, um grande amigo e empreendedor, Henrique Pereira Leite, lança-me um desafio e de sucesso porque somos sócios há 22 anos. 2006 é outro ano importante porque o Grupo CPC abre em Angola e atualmente sou Presidente do Conselho de Administração da CPC África.
Escolheu a profissão ou foi escolhido?
Sou gestor e empresário e em ambas acho que fui escolhido.
O meu tio António Bernardo Ferreira, um dos fundadores do Grupo CPC, é o responsável pela primeira, porque apostou em mim ao mesmo tempo me apoiou ao ser trabalhadorestudante. Na faceta de empresário, escolheu-me o Henrique Pereira Leite, que no seu primeiro projeto ousou convidar-me para trabalhar consigo e ainda continuamos.
De onde vem o interesse pelo desporto?
Nasceu comigo. Por volta dos sete anos comecei a jogar ténis de competição. Mais tarde, futebol e futsal. Sempre federado.
E pelo futebol?
Tenho ideia que em 1982 com o Mundial de Espanha. Torcia ferozmente pelo Brasil. Aos 17 anos, deixei o ténis e comecei a jogar futebol e posteriormente futsal. Frequentei o primeiro nível de treinador, fiz a componente de formação geral e é, sem dúvida, um tema de que gosto muito.
“Vamos apostar no futebol feminino e no projeto “Jogamos Todos”, que é um Plano de Desenvolvimento da Iniciativa para a Inovação e Empreendedorismo Social”
Sonhos, tem?
Talvez o de um dia servir, tal como sirvo o clube da minha freguesia, o da minha cidade, o Futebol Clube do Porto.
E lema de vida?
Contribuir para o bem comum. Somos demasiado individualistas, fomentando esse bem comum seríamos certamente mais felizes.