AMD RYZEN VS. INTEL KABY LAKE
Um confronto entre processadores AMD e Intel é uma situação quase nostálgica; mas, desta vez, e finalmente, a Intel tem razões para temer a nova arquitectura Zen da AMD.
Foi preciso esperar uma década e meia para que AMD conseguisse criar, de raiz, uma nova arquitectura capaz de rivalizar com os processadores Core, da Intel. Essa arquitectura chama-se ZEN, e foi criada pela equipa liderada por Jim Keller, um nome histórico na AMD.
AMD ZEN
Para o desenvolvimento desta arquitectura, a AMD abandonou tudo o que tinha criado com a Bulldozer e começou do zero. Isto obrigou a que a tecnologia Clustered MultiThreaded fosse abandonada em detrimento da nova Simultaneous MultiThreading, solução que permite que cada núcleo possa processar duas instruções por ciclo, à semelhança do que acontece com a Intel e com a sua tecnologia Hyper-Threading. Também as memórias cache L1 (dedicada por cada núcleo) e L3 (partilhada por todos) foram redesenhadas. Igualmente importante, além da arquitectura capaz de garantir um desempenho equiparável às soluções da concorrência, é a eficiência energética, razão pela qual a AMD teve de adoptar o processo de fabrico de 14 nm do tipo FinFET (com transístores em 3D). A isto, junta-se a tecnologia SenseMI, que gere com uma precisão impressionante o consumo energético e a velocidade de cada núcleo (em intervalos de apenas 25 MHz), de acordo com as tarefas em vigor no sistema. O controlador de memória, como acontece desde os AMD Athlon64, está integrado no próprio processador, tendo este passado a ser compatível com memórias do tipo DDR4, até 2667 MHz, embora seja possível, dependendo da motherboard usada, usar memórias mais velozes.
AMD RYZEN
De seu nome Ryzen, os novos processadores da AMD estarão disponíveis em três variantes, tendo sido lançado, por enquanto, apenas a versão de topo, designada de Ryzen 7. As famílias Ryzen 5 e Ryzen 3, para o mercado de alto desempenho e mainstream, respectivamente, serão lançadas posteriormente. Para já, estão disponíveis três modelos indicados para os entusiastas: Ryzen 7 1700, Ryzen 7 1700X e Ryzen 7 1800X. A designação X é indicada para os processadores de topo, que utilizam a tecnologia XFR e aumentam, de forma momentânea, a velocidade de Boost (face aos modelos sem XFR), para garantir maior desempenho em momentos de aflição. A diferença entre os modelos, além da tecnologia XFR para o 1700, está na diferença de velocidade e no TDP (calor gerado) garantidopela marca. Para este comparativo usámos o modelo de topo, o Ryzen 7 1800X, que tem oito núcleos (16 threads) a 3,6 GHz, velocidade que pode variar entre os 3,7 e os 4,0 GHz em modo Boost, ou chegar aos 4,1 GHz, se considerarmos a tecnologia XFR. Este processador utiliza ainda 512 KB de cache L2 e 8 MB de cache L3, ambas partilhadas por todos os núcleos
INTEL KABY LAKE
Conforme vimos na edição 253 (Fevereiro), a sétima geração de processadores Intel Core mantém o processo de fabrico de 14 nm com FinFET utilizado já na geração anterior. Porém, graças a ligeiras melhorias no processo de fabrico, tornou-se possível aumentar a velocidade de funcionamento, mas mantendo o consumo energético. Onde se notam verdadeiras melhorias é na controladora gráfica integrada, que passa a permitir aceleração por hardware na descodificação e vídeo nos mais diversos formatos, como o H.265, o Google VP9 e o HDCP 2.2.
CHIPSETS
Embora os novos Intel Core Kaby Lake usem o mesmo socket, a Intel recomenda a utilização da nova geração e chipsets da série 200, para tirar partido das funcionali-
dades adicionais. Já no caso da AMD, a situação muda de figura: a nova arquitectura AMD Zen obrigou ao lançamento de um novo encaixe AM4, resultado do suporte das memórias do tipo DDR4. Este permite que grande parte dos sistemas de arrefecimento de anteriores encaixes (AM2, AM2+, AM3 e AM3+) sejam compatíveis com as novas motherboards. Em termos de chipset, a AMD lançou três série distintas, com a Série A (A300 e A320) a ser a mais indicada para sistemas de entrada; a Série B (B350) para sistemas intermédios com mais capacidades; e a Série X (X370) a indicada para entusiastas, com suporte para todas as funcionalidades e ligações actualmente disponíveis, como USB 3.1, M.2 e soluções MultiGPU CrossFire e SLI.
TESTES
Para compararmos as suas soluções, utilizámos uma motherboard MSI Z270 Gaming M7 em conjunto com um Intel Core i7-7700K, face a uma Asus ROG Crosshair VI Hero com o AMD Ryzen 7 1800X. Em comum, foram usados dois módulos de memórias GSkill RipJaws 4 DDR4 2667MHz com 4 GB cada, discos SSD Toshiba Q300 Pro e uma AMD Radeon R9 285 com 2 GB. O sistema operativo foi o Windows 10 Pro, com as últimas versões de drivers, tanto para o sistema como para a placa gráfica. Utilizando os benchmarks que usamos habitualmente nos testes de processador e motherboards, confirmámos a superioridade do AMD Ryzen 7 1800X em praticamente todos os níveis, incluindo nos jogos. A diferença de desempenho nos testes específicos de processador, como a largura de banda das memórias no AIDA64 e no teste do CineBench R11.5, revelaram que o verdadeiro rival deste processador não é o Core i7-7700K Kaby Lake, mas sim os Core i7-6850K e 6900K, ambos processadores com mais núcleos (HexaCore e Octa-Core, respectivamente). Os dois são destinados a uma utilização mais exigente (como edição de vídeo e renderização 3D), mas têm uma desvantagem relevante: o elevado preço, não só do processador como do resto do sistema. Isto acontece devido à utilização de motherboards equipadas com o chipset de topo Intel X99 e pelo facto de exigirem quatro módulos de memória iguais, para tirarem partido do controlador de memória de quatro canais.