A INTERNET DAS COISAS CONTRA AS CHEIAS
O bom tempo veio para ficar? É o mais certo. Quando estiver a ler esta revista, é muito provável que o faça numa esplanada ou até mesmo na praia. Isto serve para dizer que, talvez, a época das cheias não será propriamente de Abril para a frente. Mas isto até pode ser bom, uma vez que dá à malta do departamento de Engenharia Eletrotécnica e Computadores, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) mais tempo para testar e pôr a funcionar de forma o mais apurada possível o sensor que acabam de desenvolver. Incubados no Vodafone Power Lab, Cristiano Alves, Rui Sousa e Tiago Custódio criaram o Projecto Rio Mondego, que visa a instalação de cinco sensores ultrassónicos IoT ao longo do caudal deste rio, com o objectivo de obter «informação sobre o nível das águas». Segundo os mesmos, estes dados «são enviados, em tempo real, para um serviço de cloud através da rede de dados móvel de última geração da Vodafone», sendo depois analisados por um sistema de «inteligência artificial». O Mondego é um daqueles rios que não perdoam quando chove mais um pouco: os estudantes da FCTUC lembram que, só em 2016, os prejuízos causados pela subida das águas atingiram os 2,5 milhões de euros. O travão para causar surpresas a quem tem negócios e vida junto ao Mondego pode estar em sensores que usam uma tecnologia semelhante à usada nos automóveis, para o estacionamento. Contudo, em vez de alertar para a aproximação de um obstáculo, estes vão avisar quando a água começar a subir de forma mais perigosa. «À medida que se vai acumulando informação sobre o nível das águas, torna-se mais fácil prever com antecedência a probabilidade de cheias, bem como identificar os factores que mais influenciam a sua ocorrência», lembram os responsáveis pelo Projecto Rio Mondego. Os dados recolhidos pelo sistema vão ainda ficar automaticamente disponíveis para consulta no site riomondego.com, para que todos os interessados possam controlar as águas do maior rio português.