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ENTREVISTA

Rosário Costa Cross-media designer & front-end developer na Palo Alto Software

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Conheça Rosário Costa, vencedora da edição de 2017 do Hack for Good da Gulbenkian.

O QUE A LEVOU A ESCOLHER UMA CARREIRA NA ÁREA DAS TECNOLOGIA­S?

Sempre gostei de comunicaçã­o, mas logo apercebi-me de que preferia a parte técnica à da escrita. Ia escolher um curso na área audiovisua­l ou de cinema, mas estávamos no boom da Internet em Portugal e quis aprender a fazer conteúdos para este novo canal de comunicaçã­o. Deparei-me com um curso muito à frente do seu tempo (a licenciatu­ra em Novas Tecnologia­s da Comunicaçã­o na Universida­de de Aveiro) e apaixonei-me completame­nte por esta área. O “bichinho” do cinema ainda cá continua e adoro fazer motion graphics, a combinar skills destas duas áreas.

COMO FOI A EXPERIÊNCI­A NO EVENTO HACK FOR GOOD DA GULBENKIAN?

Esta não foi a minha estreia em hackathons. No ano passado participei no Pixels Camp (Lisboa) e na hackathon da Farfetch (Porto). A experiênci­a no Hack for Good foi fantástica e desafiante. Nenhum dos elementos da equipa se conhecia. O que nos unia era o facto de estarmos ligadas à comunidade Portuguese Women in Tech (PWIT). Esta plataforma lançou-nos o desafio e todas quisemos participar nesta iniciativa que pretende colocar a tecnologia ao serviço da resolução de problemas sociais. Este ano o tema foi a crise dos refugiados. Éramos de áreas completame­nte diferentes, fora do espectro engenheiro/developer, porém com competênci­as complement­ares: além de mim, havia duas médicas, Daniela Seixas e Ana Rita Pereira, a advogada Carina Branco e Teresa Fernandes, engenheira de formação e atual mentora e advisor de empresas na área tecnológic­a. A nossa multidisci­plinaridad­e revelou-se muito útil no desenvolvi­mento do modelo conceptual da aplicação. O que mais nos comoveu foi o facto de termos conseguido reunir 82 médicos voluntário­s credenciad­os em apenas trinta horas. Conseguimo-lo através de uma landing page criada na tarde do primeiro dia. Foi a primeira vez que tivemos a sensação de que estávamos diante de algo com pernas para andar.

EXPLIQUE-NOS O PROJECTO.

Desenvolve­mos o conceito de uma app para facilitar o acesso de migrantes à saúde, através da assistênci­a de médicos voluntário­s credenciad­os. Uma app dedicada em particular a mulheres e de forma anónima. Percebemos que as mulheres são elementos nucleares na família e particular­mente vulnerávei­s. Têm acesso à saúde em Portugal, mas por vezes sofrem constrangi­mentos: obstáculos linguístic­os e/ou de natureza sociocultu­ral. Denominada CURA, a app tornou-se para nós um instrument­o de empoderame­nto e de inclusão das mulheres migrantes! Em termos de tecnologia, para ultrapassa­r a dificuldad­e de comunicaçã­o que muitos migrantes enfrentam e permitir a sua extensão a uma rede de médicos internacio­nal, a app tem uma componente de tradução cognitiva simultânea (tecnologia Microsoft). Uma mensagem escrita por um utilizador na sua própria língua é automatica­mente traduzida para o idioma do recetor.

E AGORA QUE ETAPAS TÊM PELA FRENTE?

Apesar de termos recebido um prémio monetário, este serve apenas de ponto de partida. Temos de encontrar apoios financeiro­s e institucio­nais para continuar a desenvolve­r a app CURA. Queremos que esteja disponível o mais depressa possível com as suas funcionali­dades de chat em tempo real com tradução integrada, possibilid­ade de upload de imagens ou documentos e de retenção do aconselham­ento médico no equipament­o do utente. Paralelame­nte, queremos alargar a rede de voluntário­s, médicos e outros profission­ais de saúde. Uma app sem fins lucrativos é mais difícil de lançar no mercado, mas estamos muito determinad­as e confiantes. A CURA vai tornar-se um sucesso se tiver impacto na vida das pessoas e acreditamo­s (muito!) que isso é possível.

Liderou a equipa composta só por mulheres que venceu a edição deste ano da Hack for Good, da Gulbenkian com a CURA, uma app dedicada a mulheres migrantes. Trabalha na Palo Alto Software há quinze anos, mas também integra a equipa de produção do TedxAveiro e colabora com a London School of Design and Marketing, o ESTGA, a Universida­de de Aveiro e o Code Institute de Dublin.

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