A escolha
Setembro é o mês em que, por norma, a Apple apresenta os novos iPhones e este ano o não foi excepção. Muito do que foi anunciado o já tinha sido antecipado pelos meios especializados: as fugas de informação permitiram perceber quase tudo o que ia ser revelado. Ainda assim, no meu entender foi um lançamento importante, não tanto pela tecnologia mais ou menos inovadora, mas pelo facto de a Apple passar a pedir aos seus leais clientes que façam uma escolha relevante. Até agora, a Apple anunciava uma versão base do iPhone e concentrava nele todo o foco e comunicação. Nos últimos anos, passou a incluir um modelo Plus, para os clientes que não abdicam de um ecrã maior e, ainda mais recentemente, um modelo mais pequeno. Mesmo com uma linha mais alargada, a procura acabava por concentrar-se no modelo base, com ecrã de 4,7”. Agora, e para celebrar os dez anos da introdução do iPhone original, a Apple adicionou um modelo Premium, repleto de inovações, mas com um preço de 999 dólares no EUA e que, em Portugal, ultrapassará os 1170 euros. Esta novidade obriga os clientes que ponderam adquirir um iPhone a fazerem uma escolha que pode ser difícil para muitos: apostar numa tecnologia com provas dadas, mas com poucas inovações em relação aos modelos anteriores; ou pagar mais 350 euros por um telemóvel topo de gama, mas com funcionalidades que ainda não mostraram a sua fiabilidade como o Face ID. Os chamados ‘early adopters’ irão procurar, sem hesitar, o modelo X, mas o cliente menos entusiasta irá pensar duas vezes no que acontecerá se quebrar o ecrã de um telemóvel de 1179 euros. Até agora a estratégia da Apple seguia o princípio de Henry Ford que dizia que os compradores dos Ford T podiam escolher a cor desde que fosse preta. Não havia muito a decidir. Agora, muitos dos clientes Apple vão ter de fazer uma escolha e este momento de considerarem alternativas pode abrir uma porta ao mundo Android: obterem mais funcionalidades pelo preço do iPhone 8 ou terem muitas funcionalidades do X a um preço inferior. A Apple fez a sua escolha e agora é a altura de os seus clientes fazerem a sua.
Os chamados ‘early adopters’ irão procurar, sem hesitar, o modelo X, mas o cliente menos entusiasta irá pensar duas vezes no que acontecerá se quebrar o ecrã de um telemóvel de 1179 euros.