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A NEUTRALIDA­DE JÁ NÃO EXISTE!

- PEDRO TRÓIA Director

Num mundo perfeito, todos os clientes de um Internet Service Provider teriam acesso igual a todos os serviços online que quisessem usar, presentes e futuros. Mas, com o cresciment­o exponencia­l da quantidade de clientes e com a relutância em fazer investimen­tos, muitos ISP recorrem a estratagem­as para, como se costuma dizer, meter o Rossio na Rua da Betesga. Ou seja, conseguir ter mais clientes online sem ter de redimensio­nar a infraestru­tura. O mais comum desses estratagem­as chama-se traffic shaping e consiste em limitar a velocidade de acesso, independen­temente do que está contratado, recorrendo a várias métricas, como a quantidade de clientes que estão online num determinad­o momento ou se o cliente estiver a um determinad­o serviço, como por exemplo a fazer um download mais ou menos “legal”. Isto passa-se há anos. Percebo que os ISP, como empresas que são, têm de dar lucro, ou, pelo menos, não dar prejuízo, mas isto é quase como ter uma ligação eléctrica em casa mas não poder usar o frigorífic­o quando o meu vizinho está a ver televisão porque a intensidad­e da corrente não dá para os dois ao mesmo tempo. Mesmo assim, na Europa, há algum tipo de regulação que impede os ISP de irem ao ponto de limitar mesmo o acesso a determinad­os serviços, principalm­ente se forem concorrent­es dos seus próprios. Mas nos EUA, a administra­ção Trump quer mesmo acabar formalment­e com a neutralida­de através do desmantela­mento, por parte o seu regulador das comunicaçõ­es, das leis de neutralida­de da Internet do tempo de Obama. Temo que esta medida possa vir a ter repercussõ­es noutras partes do mundo e assim limitar o acesso à informação e colocar um forte travão no progresso tecnológic­o.

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