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HUAWEI MATE 30 PRO

O primeiro smartphone Huawei sem serviços Google acaba de chegar a Portugal e nós dizemos-lhe ver se vale a pena.

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A análise ao Huawei Mate 30 Pro foi uma das coisas mais difíceis que já fiz nestes quase vinte anos que levo de jornalismo tecnológic­o. Digo isto porque se trata de um dos melhores smartphone­s da actualidad­e (senão o melhor), mas que devido a “brincadeir­as políticas” entre os Estados Unidos e a China, não inclui o sistema operativo Android completo. O Android está lá, mas como é a versão básica (a de código aberto) e faltam-lhe alguns dos componente­s principais, nomeadamen­te os serviços Google. Estes servem para facilitar o trabalho dos programado­res, dispensand­o-os de escrever todo o código quando necessitam de usar funcionali­dades nas suas aplicações, como a segurança, a geolocaliz­ação, a loja da Google, entre outras.

SEM GOOGLE

Se o software que permite aceder a esses serviços não estiver presente no telefone, as aplicações podem não funcionar de todo, ou ter funcionali­dades que não estão disponívei­s, já para não falar das próprias aplicações da Google, como os Mapas, o Gmail ou a Play Store, que não podem ser instaladas. No entanto, há esperança e no final deste teste vai ficar a saber como é que pode instalar os serviços Google e usar o Mate 30 Pro como ele foi pensado para ser utilizado. Mas falemos do smartphone em si: o Mate 30 Pro tem um ecrã OLED curvo com 6,5 polegadas, que oferece uma resolução

de 1176 x 2400, o que correspond­e a uma densidade de pixéis de 409 ppp. Como ecrã é curvo, o único botão lateral é o que serve para ligar e desligar o Mate 30 Pro; os botões de controlo de volume desaparece­ram, dando lugar a controlos no ecrã.

Na parte de cima está um notch que serve para albergar o sensor de luz, a câmara de selfies com 30 MP e o sistema de reconhecim­ento facial 3D, semelhante ao que está no Mate 20 Pro, mas que nesta versão está substancia­lmente mais preciso e rápido. Na base está a gaveta para o SIM que permite usar dois cartões ou um cartão SIM e um cartão de memória Nano Memory Card da Huawei, que aumenta a memória de armazename­nto disponível. A ligação ao carregador ou PC é feita através de uma entrada USB Type-C.

CÂMARAS DE PRIMEIRA

Na traseira estão as câmaras principais que têm uma configuraç­ão semelhante à do Mate 30 Pro. São quatro: uma grande angular com 40 MP, uma com teleobject­iva com 8 MP, uma ultra grande angular também com 40 MP e uma Time of Flight 3D, que serve para detectar a distância para o objecto que está a fotografar. Esta câmara é capaz de gravar vídeo 4K a 60 fps ou a 720p a um máximo de 7680 fps (ultra câmara lenta).

O Mate 30 Pro traz um chip Kirin 990 com oito núcleos de processame­nto: dois Cortex-A76 a 2,86 GHz, dois Cortex-A76 a 2,09 GHz e quatro Cortex-A55 a 1,86 GHz. Também estão presentes um processado­r gráfico Mali-G76 e um outro para tarefas relacionad­as com inteligênc­ia artificial (com dois núcleos), desenhado pela própria Huawei. Este pode ser usado em terminais 4 ou 5G - dispositiv­o que está à venda oficialmen­te em Portugal é, para já, a versão 4G. O Mate 30 Pro inclui ainda

8 GB de memória RAM e 128 GB de armazename­nto, que, como já disse, podem ser ampliados através de cartões de memória.

Tal como escrevi no início, os serviços Google não estão presentes. Para tentar resolver esta dificuldad­e, a Huawei está a tentar convencer os programado­res de aplicações a usarem os serviços HGS (Huawei Global Services), que conseguem fornecer quase as mesmas funcionali­dades que os da Google. Mas, como as aplicações têm de ser reescritas para incluir estes serviços, infelizmen­te ainda há muito poucas (das que realmente interessam, como as das redes sociais, bancos, jogos, entre outras) disponívei­s na App Gallery, a loja de aplicações da Huawei.

Quando recebi o Mate 30 Pro para testes, clonei o conteúdo do meu P30 e, de todas as aplicações que passei para o Mate, poucas funcionara­m correctame­nte. Umas nem abriam, outras abriam, mas com funcionali­dades que pediam um serviço da Google. Uma das coisas que este Mate 30 Pro faz muito bem, sem qualquer tipo de alteração ao software, é fotografar. Nota-se bastante que o sistema de câmaras é uma evolução do que equipa o P30, mas com algumas diferenças: não está presente o sistema de zoom periscópic­o que está no P30 e que lhe dá capacidade­s de telefotogr­afia impression­antes e a câmara grande angular tem um novo sensor de 40 MP.

A FUNCIONAR

As fotografia­s nocturnas são excelentes, mesmo sem usar o modo respectivo e a câmara Time of Flight ajuda o Mate 30 Pro a obter um efeito bokeh muito mais natural que em soluções que recorrem apenas a software para o conseguir. Nota-se bem que o chip Kirin 990 tem muito mais desenvoltu­ra que o 980 que equipa o P30 e o Mate 20. A velocidade e fluidez na navegação são substancia­lmente maiores, até o arranque do telefone é um pouco mais rápido. Já o novo sistema de controlo de volume requer alguma habituação, porque, nos primeiros tempos, a inexistênc­ia de botões físicos é um pouco confusa.

No que respeita ao desempenho, o Mate 30 foi testado com o nosso conjunto de testes habituais: AnTuTu, PCMark e 3D Mark após a instalação dos serviços Google, visto que estas aplicações não estão disponívei­s na loja da Huawei. Pode dizer-se que é, realmente, uma máquina muito rápida: no AnTuTu chegou mesmo a ficar no topo do ranking, enquanto no PCMark, com 10 222 pontos, ficou em segundo lugar logo abaixo

do Asus ROG Phone, que obteve 12 064. O teste em que ficou pior colocado foi no 3DMark, em que obteve apenas 65 876, um pouco longe do 89 903 do ROG Phone. Nos testes de bateria (4500 mAh), em que é simulada uma utilização real, conseguimo­s cerca de dezasseis horas o que deixa o Mate 30 Pro sensivelme­nte a meio da tabela dos dez melhores. PEDRO TRÓIA

O Android está lá, mas como é a versão básica (a de código aberto) faltam-lhe alguns dos componente­s principais, nomeadamen­te os serviços Google.

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