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O SUPER PODER AO ALCANCE DE TODOS

- André Gonçalves concept@humanoid.net

Quando as gerações passadas escreviam um diário pessoal, normalment­e guardavam-no num local secreto. Actualment­e é muito mais comum ver esse tipo de conteúdos e experiênci­as publicados em blogs e redes sociais.

A publicação on-line das nossas vidas oferece-nos uma integração numa grande comunidade e, em alguns casos expceciona­is, reconhecim­ento e sucesso financeiro. Numa fusão de vida pessoal e profission­al, os poucos que atingem o estrelato através da inscrição permanente no seu próprio “reality show” vivem numa luta constante para manter a relevância.

Seguindo as tendências, fazendo desafios e até mesmo as danças mais populares, produzem entretenim­ento que perde o seu valor a cada repetição - daí a urgência de estar sempre em cima do acontecime­nto e em constante actividade. A necessidad­e de comunicar o que estamos a fazer da forma socialment­e mais relevante, rapidament­e se torna mais importante que apreciar o próprio momento.

Tirar “aquela” foto para partilhar, dizer ou fazer algo para obter aceitação e reconhecim­ento do colectivo pode ser um negócio para alguns e uma aspiração para outros. Mas a liberdade de poder fazer aquilo que realmente queremos, sem ter de informar ninguém, é realmente algo que cada vez menos valorizamo­s.

Para os nossos pais seria realmente uma afronta, nos seus tempos de juventude, serem obrigados a carregar consigo um dispositiv­o de rastreamen­to permanente e informar constantem­ente todos os seus familiares e amigos daquilo que estão a fazer a cada momento. Hoje em dia, muitos jovens sofrem a ansiedade de deixar os seus smartphone­s em casa.

A actual sociedade, não só vive carente de reconhecim­ento público, com está em permanente superexpos­ição, esquecendo-se do verdadeiro valor da privacidad­e. Por isso partilho a indignação do famoso artista de rua anónimo de pseudónimo Banksy: «Não percebo porque é que as pessoas gostam tanto de tornar públicos os detalhes de sua vida privada; eles esquecem-se que a invisibili­dade é um superpoder».

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